Cimatec Park planeja hub de hidrogênio verde em Salvador

O hub é uma das prioridades do Senai Cimatec, que pretende impulsionar o uso de energias renováveis no estado; além do hidrogênio, também haverá investimentos em energia solar e eólica offshore.

O Cimatec Park fica no polo industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador — Foto: Manu Dias/GovBA

Os planos do Senai Cimatec Park, complexo de inovação industrial que chega agora à sua terceira etapa de vida, são ambiciosos. Dentro de uma área de 4 milhões de metros quadrados em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA), deverão funcionar, em até 30 anos, cerca de mil edificações (hoje são 11 galpões industriais), uma avenida do conhecimento com universidades, centros de pesquisa e startups voltadas ao setor industrial (já existe uma parceria com a UFBA), e um parque empresarial com companhias que demandem infraestruturas customizadas para testar novos projetos. “O que nós queremos é contribuir para o desenvolvimento regional e nacional da indústria”, diz Leone Andrade, diretor de tecnologia e inovação do Senai Cimatec, em entrevista a Época NEGÓCIOS.

A proposta de gerar empregos para 400 mil pessoas divulgada pelo Senai parece um pouco exagerada para um complexo que, no momento, abriga pouco mais de 2 mil funcionários – 1.500 deles no Centro de Desenvolvimento da Ford, instalado no parque. Mas o número leva em conta o crescimento da área ocupada (hoje, só 3,75% do terreno está tomado) e o potencial impacto da cadeia de hidrogênio no país. Nesta terceira etapa, estão em construção um centro de reciclagem e simbiose industrial, estações de tratamento de água industrial e efluentes e um laboratório de testes de geração solar.

Do petróleo ao hidrogênio verde

As energias renováveis devem se tornar um foco do parque industrial nos próximos cinco anos. Não deixa de ser surpreendente, levando em conta que, até hoje, algumas das maiores financiadoras do Senai – que funciona como uma empresa privada, sem fins lucrativos – foram gigantes da área de petróleo, como Shell e Petrobras, que demandam inovações como o FlatFish, um robô submarino autônomo que inspeciona as produções de óleo e gás em águas profundas.

O robô autônomo submarino FlatFish, usado para inspecionar as profundezas do mar — Foto: Dikvulgação/CNI

O robô autônomo submarino FlatFish, usado para inspecionar as profundezas do mar — Foto: Dikvulgação/CNI

“Temos uma forte ligação com a área de petróleo e gás, mas as energias limpas compõem um setor estratégico para nós”, diz Andrade. “É um segmento muito aquecido em função da crise global de energia e da guerra da Ucrânia. Tudo que se refere à descarbonização, hidrogênio verde, energia eólica e solar tem alta perspectiva de crescimento”, completa.

Para que a transição energética seja levada a cabo, diz o executivo, é preciso induzir o mercado com estudos e dados. “Por isso, preparamos um mapa eólico do estado da Bahia com uma metodologia bastante criteriosa. As empresas perceberam isso e começaram a investir”, diz Andrade.

Agora, trabalham em um mapa do hidrogênio verde no estado. “Achamos muito importante que o país se posicione estrategicamente, pois tem condições de ser um grande player no segmento.” Para o diretor de inovação do Senai, é importante que o Brasil não fique apenas na exportação da energia limpa. “Precisamos utilizar uma parte considerável dessa energia para produzir cimento verde, aço verde, plástico verde. E daí poderemos exportar produtos verdes de alto valor agregado.”

Cimatec do Sertão

Enquanto trabalha na expansão de seu complexo industrial, o Senai Cimatec faz o planejamento estratégico de dois outros projetos: o primeiro ligado ao mar e o segundo, ao sertão. “O objetivo do Cimatec Mar é transformar o Brasil em um importante player no desenvolvimento de tecnologias para o offshore. O segundo projeto deve colaborar para o desenvolvimento de regiões carentes do semiárido”, diz Leone de Andrade.

Embora o anúncio oficial esteja previsto para 2023, o Cimatec Sertão já está em operação, por meio de pesquisas de campo da Universidade de Campinas (Unicamp), com o apoio da Shell. “Já estamos visitando os municípios e identificando as áreas de atuação do projeto. A primeira iniciativa será estimular a cultura do sisal, totalmente adaptada àquela região extremamente seca”, diz Andrade.

A partir do sisal, deve ser produzida a biomassa, que por sua vez deve gerar o etanol. “Acreditamos que essa nova fonte de energia pode provocar uma revolução no sertão e trazer riqueza para comunidades vulneráveis. Então esse projeto nos enche de alegria, não só pelo desafio tecnológico, mas pelo impacto social pode ter para o Nordeste”, diz o executivo.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/empresas/noticia/2022/12/eles-constroem-um-parque-para-injetar-inovacao-na-industria.ghtml