Cientistas imprimem cópias sintéticas do coronavírus Covid-19 em laboratório

Rumo à descoberta de vacinas e medicamentos, biólogos em todo o mundo já estão imprimindo cópias sintéticas do código genético do vírus Covid-19, conhecido anteriormente como o novo coronavírus chinês. A ideia é que, com esse material para testes, os pesquisadores possam aprofundar seus conhecimentos sobre o vírus e entender suas especificidades, fatores que podem ajudar a salvar vidas.

Histórico da SARSA descoberta recente do genoma do Covid-19 representa avanços impressionantes na capacidade de cientistas sequenciarem e replicarem o código genético viral. Isso porque levou apenas duas semanas, após as autoridades de saúde pública chinesas relataram o vírus à Organização Mundial da Saúde (OMS), para os pesquisadores isolarem o patógeno e descobrirem sua sequência completa de material genético.

 Desde que essa sequência foi publicada, as empresas de biotecnologia começaram a criar cópias sintéticas do vírus que poderiam ser usadas em pesquisas no mundo todo. Já durante o surto de SARS (Síndrome respiratória aguda grave), em 2002, também iniciado na China e da mesma família dos coronavírus, os cientistas levaram meses para que o genoma viral fosse sequenciado.

Hoje, a síntese genética é muito mais acessível do que há duas décadas. Se nos anos 2000, custava cerca de US$ 10 para se criar uma cópia sintética de um nucleotídeo — o componente básico do material genético — agora, esse custo é de menos de 10 centavos de dólar.

Além disso, esse novo tipo de coronavírus tem cerca de 30.000 nucleotídeos, de modo que a redução no preço faz uma grande diferença tanto no valor final quanto no número de cópias que os cientistas podem fazer.

Possíveis problemas

Sobre o medo que algumas pessoas relatam sobre cópias do vírus estudadas em laboratórios do mundo todo, o que poderia representar o risco de contaminações locais, Leproust pede aos observadores que mantenham o risco em perspectiva.

“Acho que uma coisa que as pessoas devem lembrar é que a natureza é o maior bioterrorista”, comenta o CEO. “A natureza quer matar você, e foi o que aconteceu com o coronavírus. O vírus está lá fora. A sequência está lá fora”, ou seja, para Leproust, neste momento, o principal perigo é a ignorância frente à infecção, o que pode elevar o número de mortes.

FONTE: EXAME

Para os preocupados, esses pesquisadores também alertam que os vírus impressos não podem infectar pessoas e são, somente, usados como modelos para testes de novas terapias. “Nós não estamos criando mais vírus,” explica Emily Leproust, CEO da Twist Bioscience, que participa do desenvolvimento dessas cópias virais. “Estamos fazendo fragmentos do vírus para pesquisadores, de modo a permitir que eles encontrem ferramentas para detectá-lo e ferramentas para combatê-lo”, explica o CEO.

Até o momento, o vírus já levou ao óbito mais de 1.110 e infectou mais de 45 mil pessoas. Também foram cerca 5 mil pacientes recuperados após contraírem a infecção, de acordo com o mapa interativo da Johns Hopkins University.