Presidente chinês Xi Jingping se reúne com Bolsonaro em fórum do Brics esta semana em Brasília
O governo chinês afirma estar confiante de que o Brasil vai escolher a Huawei Technologies para construir sua rede de tecnologia móvel ultrarrápida de quinta geração, o 5G, uma decisão que poderia colocar o presidente Jair Bolsonaro em rota de colisão com os Estados Unidos, em meio à disputa comercial do país com a China.
O presidente chinês Xi Jinping tem reunião agendada com Bolsonaro em Brasília esta semana — a segunda realizada em menos de um mês — durante um fórum que vai reunir os países que compõem o Brics, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.
— Estou confiante no sentido de cooperação entre China e Brasil na tecnologia 5G — disse Yang Wanming, embaixador chinês em Brasília, em entrevista concedida por e-mail.
O Brasil “vai levar em conta o interesse no desenvolvimento do país” quando analisar a proposta da Huawei.
Yang afirma que a posição do governo brasileiro em relação à gigante de tecnologia chinesa tem sido objetiva e racional em meio à campanha de “má fé e difamação” feita pelos Estados Unidos.
Autoridades dos EUA alertaram seus aliados para que evitem confiar em componentes da Huawei em suas redes 5G, sustentando que isso facilitaria espionagem chinesa. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reafirmou em um discurso feito na Alemanha na última sexta-feira o alerta, dizendo que a companhia asiática não é inteiramente confiável, já que está sob o comando do partido comunista chinês.
Na última década, o voraz apetite da China por insumos como ferro e soja elevou o Brasil a um dos principais parceiros comerciais do país. Companhias chinesas também estão investindo com força em nações latino-americanas, o que está atraindo grupos estrangeiros a participarem do programa bilionário de privatizações do governo Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro é aliado próximo do presidente americano Donald Trump, e Washington já avisou que, em caso de sinal verde do país para a Huawei, isso poderia rebaixar a cooperação em segurança entre os EUA e o Brasil.
Xi Jinping terá um encontro bilateral em separado com Bolsonaro durante o encontro dos Brics esta semana. O que se espera é que a Huawei apresente uma proposta no leilão do 5G marcado para o ano que vem.
Na entrevista por e-mail, o embaixador chinês negou qualquer mudança no apoio de Pequeim ao governo de Nicolas Maduro na Venezuela. O Brasil pediu a seus aliados o contrário, que reconhecessem o presidente da assembleia nacional venezuelana, Juan Guaido, como o legítimo presidente do país latino-americano.
FONTE: ÉPOCA