Chevrolet Celta é convertido a elétrico usando baterias de notebook

Projeto maluco usa motor elétrico industrial que será alimentado por 500 baterias de computador portátil para ser amigo do meio ambiente

Os carros elétricos estão ganhando cada vez mais espaço no Brasil. A curiosidade sobre eles também está crescendo. Infelizmente, os preços elevados não ajudam, e esse tipo de veículo ainda demora para se popularizar por aqui.

Uma das saídas é a conversão caseira de carros populares a combustão em veículos elétricos, que vêm se tornando mais comuns. Inclusive, nesta semana, uma dessas modificações chamou a atenção nas redes sociais.

O técnico em automação Tiago Slaga, que vive em São José dos Pinhais (PR), converteu seu Chevrolet Celta 1.0 2001 em elétrico. Até aí, tudo certo. Mas a grande sacada é que o hatch será alimentado por baterias de notebook – no melhor estilo MacGyver.

“A ideia surgiu após ver alguns projetos de conversões na internet. Como trabalho com manutenção industrial, fiquei imaginando se seria possível a adaptação de um motor industrial [em um carro] – até então, não tinha visto nada parecido”, conta Slaga.

“Então iniciei alguns testes em bancada e verifiquei que era possível alimentar o motor industrial através de baterias utilizando um inversor de frequência”, concluiu o dono do projeto.

Era esse o pontapé inicial para Tiago colocar todo o plano em prática, mas antes de tornar o Celta um carro amigo do ambiente, ele tratou de fazer algumas adaptações.

“Primeiro passo foi retirar o motor original para pegar todas as medidas e fazer a flange, que acopla o motor ao câmbio. Foi uma parte crítica, pois tudo tem que ficar muito bem alinhado”, explicou Slaga.

Projeto maluco usa motor elétrico industrial que será alimentado por 500 baterias de computador portátil para ser amigo do meio ambiente

Na primeira tentativa de fazer o Celtinha rodar como elétrico, o técnico usou baterias de chumbo no porta-malas. “Fiz os primeiros testes e funcionou, mas a autonomia ficou bem baixa, tipo uns 15 km, e demorava para carregar. Aumentei a quantidade de baterias e a autonomia melhorou um pouco, mas o carro ficou muito pesado”, contou o entusiasta.

Segundo Slaga, o veículo rodou cerca de 1.000 km com essas baterias, mas elas perderam autonomia com o tempo e ficaram inapropriadas para o uso. O jeito foi partir para as baterias de íons de lítio.

“O problema é que as células novas de lítio são muito caras e iriam inviabilizar o projeto. Foi aí que comecei a ver a possibilidade de usar células recicladas de baterias de notebook”, contou.

Projeto maluco usa motor elétrico industrial que será alimentado por 500 baterias de computador portátil para ser amigo do meio ambiente

Foi praticamente um ano procurando as baterias, desmontando e testando cada célula para montar todo o banco. Atualmente, o proprietário do projeto usa 455 baterias e pretende aumentar o número para 500 unidades vindas de notebook, que equivale a 3.000 células para recarga.

O pacote atual garante que o Celta consiga rodar até 100 km com a bateria cheia. Segundo Slaga, o motor industrial rende 12,5 cv e o banco de bateria leva 10 horas para carregar em uma tomada caseira de 20A de corrente. “Mas como uso 30 km por dia, deixo carregando por um pouco mais de 3 horas”, completa o proprietário.

No total, ele investiu entre R$ 15.000 e R$ 20.000 no projeto.

Projeto maluco usa motor elétrico industrial que será alimentado por 500 baterias de computador portátil para ser amigo do meio ambiente

Riscos da conversão com baterias de notebook

Projetos de conversão usando baterias de notebook estão se tornando cada vez mais comuns. O próprio Tiago Slaga contou à nossa reportagem que a ideia surgiu de alguns vídeos gringos que mostravam esse tipo de adaptação. No entanto, é preciso tomar cuidado.

O engenheiro e especialista em elétricos e híbridos da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), Ricardo Takahira, afirma que “usar baterias usadas ou recicladas de notebook é perigoso. Embora sejam iguais do lado de fora, por dentro a composição delas é diferente e, se passar dos 60°, o risco de incêndio é grande.”

Além disso, pondera a importância do procedimento correto e da regularização junto ao Detran. “A gente se preocupa com as conversões, mas não podemos desmotivar os entusiastas que fazem. Por isso, o ideal é que o dono do projeto siga os procedimentos corretos e use os materiais corretos no momento da conversão, além de levantar a documentação e regularizar o veículo”, completa.

FONTE: https://www.mobiauto.com.br/revista/chevrolet-celta-e-convertido-a-eletrico-usando-baterias-de-notebook/1806