CEO precisa entender de tecnologia, diz presidente da Johnson MedTech

Para Fabrício Campolina, os líderes do futuro devem entender de finanças e tecnologia, além de conhecer seu negócio

Fabricio Campolina, CEO da J&J MedTech Brasil

Em um ambiente de evolução digital, o líder que se destaca é aquele com conhecimento do negócio em que atua, mas também de finanças e tecnologia. Para Fabrício Campolina, que assume agora como presidente da Johnson & Johnson Medtech Brasil, esse é o perfil do CEO que irá permanecer daqui em diante. “Neste momento em que a transformação digital pode proporcionar ganhos significativos de produtividade, dominar tecnologia e novas formas de trabalho será o diferencial”, diz.

Dos seus 25 anos de carreira, os 17 últimos foram na J&J Medtech. Desde 2019, ele liderava a área de HTO (HealthCare Transformation Organization) na América Latina. Fabrício ingressou na MedTech LATAM em junho de 2005 pelo programa internacional de recrutamento da companhia. Em 2015 e 2016, foi eleito um das 100 pessoas mais influentes do mercado brasileiro de saúde pela liderança da ABIMED (Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde), de onde foi presidente do conselho.

O C-Suite desta semana também traz movimentações nas áreas de bens de consumo, frigoríficos e bebidas. Renata Vieira é a nova diretora de marketing da Reckitt Hygiene Comercial, Rui Mendonça assume como CEO da Marfrig na América do Sul, e Danielle Bibas, como vice-presidente de marketing do Grupo Petrópolis, das marcas Itaipava e Crystal.

Forbes: Em termos de formação, o que você recomenda para um profissional com a ambição de ser CEO?

Fabrício Campolina: Esse é um perfil que está sempre em transformação, evoluindo de acordo com o ambiente de negócios. O CEO do futuro deverá ter como requerimentos mínimos conhecer o negócio em que atua, entender de pessoas e ser um bom líder de equipe, além de fazer a gestão financeira. Neste momento em que a transformação digital pode proporcionar ganhos significativos de produtividade e aumentar de forma desproporcional a competitividade no mercado, dominar tecnologia e novas formas de trabalho será o diferencial.

F: Quais qualidades você procura em um profissional para a sua equipe hoje?

FC: Não procuro uma qualidade específica, mas alguma área de fortaleza em que essa pessoa seja excepcional e que complemente as demais fortalezas do time. Ao mesmo tempo, observo se as áreas de desenvolvimento não são uma âncora que impeça esse ou essa profissional de realizar seus potenciais. Busco pessoas que compartilhem nossos valores, espírito vencedor e de colaboração, e tenham capacidade de se reinventar e aprender continuamente.

F: Quais habilidades de carreira você considera importantes para assumir um cargo de CEO?

FC: É fundamental ter consciência de que quanto mais responsabilidades vocês assume, mais impacto na vida de pessoas e suas famílias você tem. Além disso, é preciso aceitar que o nível de complexidade e a velocidade das mudanças hoje em dia são enormes e não existe mais espaço para um líder que tenha todas as respostas. Por isso,  mais do que nunca, acredito que essa função exige: 1) maturidade emocional para gerenciar situações complexas; 2) exercer uma liderança servidora que dê direcionamento e apoio ao mesmo tempo que proporciona ao time um ambiente de segurança emocional e autonomia; 3) estar verdadeiramente aberto ao novo. Atuar de forma ética e com princípios é a base de tudo. E uma habilidade que foi, é e sempre será a de maior importância: a capacidade de enxergar talentos, montar bons times e motivar organizações. Sem isso, não há como trazer resultados.

F: Quais oportunidades você observa no mercado de saúde e tecnologia? Como seguir carreira na área?

FC: A grande oportunidade do momento é a transformação digital empresarial que envolve a jornada para evoluir empresas tradicionais para operar como empresas nativas digitais. Isso passa por novas formas de trabalho – equipes ágeis, novas formas de liderança – liderança servidora, criar backbones operacionais que permitam decisões baseadas em dados em todos os níveis da organização  e de plataformas que sejam base de ofertas digitais aos clientes. E, também, de mudança de cultura para ter organizações que sejam digital-savvy e que tomem decisões baseadas em dados. Cada vez mais, os líderes digitais que entendem de negócio, finanças e também de tecnologia, vão se destacar nas empresas do mercado de saúde.

F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira?

FC: Que saúde e família devem vir sempre em primeiro lugar. Que devemos buscar trabalhar em um local que nos permita realizar nosso potencial e viver nossos valores e propósito. E que devemos nos divertir no trabalho e para isso precisamos estar cercados de pessoas com que gostamos de conviver.

Por quais empresas já passou
Gcsnet, Diveo Broadband Networks e Johnson & Johnson MedTech.

Formação
Ciência da computação pela UFMG e MBA pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte.

Primeiro emprego
Administrador de um provedor de acesso de internet em uma startup na década de 1990.

Primeiro cargo de liderança
Como gerente de produto de Internet Data Center em uma startup financiada pelo Goldman Sachs, no início dos anos 2000.

Tempo de carreira
25 anos.

FONTE: https://forbes.com.br/carreira/2022/09/ceo-precisa-entender-de-tecnologia-diz-presidente-da-johnson-medtech/