Carros movidos a energia solar apontam que terão preços muito elevados

Veículos à base de energia sustentável já estão em fase de testes, mas o alto investimento necessário para financiar sua tecnologia torna esses modelos uma realidade ainda distante.

FUTURISTA Aptera, que possui placas de captação solar e carenagem impressa em 3D: em busca de investidores (Crédito: aptera/divulgação)

As mudanças climáticas assustam o planeta, que tenta frear até 2035 o aquecimento provocado pelos combustíveis fósseis, bem mais poluentes. Com isso, foram aceleradas as pesquisas por soluções que utilizem energia limpa, como a eólica, movida ao vento, e a fotovoltaica, abastecida por painéis solares. Grandes empresas também pressionam seus laboratórios para saírem na liderança nesses novos mercados, com projetos que atendam às novas condições ambientas e ainda gerem lucro. “Carros movidos a sol”, como os veículos da americana Aptera Motors, ganham destaque, mesmo com obstáculos a serem superados, como o alto custo de sua sofisticação tecnológica. A fabricante lançou um programa buscando investidores para ajudarem a financiar a produção de seus SEVs (carros elétricos movidos a energia solar), depois de adiar o início da produção da primeira frota desse modelo, que começou a ser desenvolvido em 2019 e tem quatro versões, do básico ao top de linha.

A Aptera não é a única na briga por esse mercado futurista. Garante que seu carro para dois passageiros, com três rodas, alcança 160 km/h e desliza por qualquer tipo de terreno, seja neve, gelo, areia ou cascalho. A carenagem é fabricada por impressão 3D, com materiais leves e resistentes, que asseguram menos consumo de energia e mais segurança. O design em formato de “ovo”, com aspecto espacial, minimiza o atrito com o ar para ganhar velocidade, mesmo com a estabilidade parecendo prejudicada, por causa das suas três rodas. Como tem carregamento solar contínuo, com a energia convertida em elétrica, o modelo básico, se dirigido à média de 45 quilômetros por dia, rodaria por semanas sem precisar ser conectado a uma tomada. Por enquanto, ele segue em fase de testes na Califórnia.

‘Futuro do futuro’

Essa solução futurista, ao menos em larga escala, ainda não parece viável em uma realidade muito próxima. Há 35 anos trabalhando com carros, o engenheiro mecânico Rubens Venosa acredita que veículos movidos a energia solar ainda são o “futuro do futuro”.

PAINEL Inteligiencia artificial: modelo básico controla a autonomia e avisa quando o veículo deve ser carregado (Crédito:Divulgação)

O mundo caminha para a meta de carbono zero até 2035. Um país como a Holanda, onde há muito vento e energia limpa de sobra, pode mudar a legislação e antecipar a data para 2025, como lembra Venosa. Mas o setor automobilístico caminha um passo de cada vez. “Estamos saindo agora dos veículos à gasolina ou óleo diesel, altamente poluentes, para os híbridos com dois motores, um à gasolina e outro elétrico. Já é uma tecnologia sofisticada e cara. Esses novos modelos seriam autorrecarregáveis, ou seja, a bateria se recarrega sozinha pelo freio regenerativo”, diz Venosa, explicando sobre o processo eletromecânico que transforma a energia cinética liberada na frenagem em elétrica. “Assim, as ladeiras serão aproveitadas para a geração de energia. Você desce para a praia e, lá embaixo, se não achar um ponto de recarga, volta com o motor à gasolina. O carro não dependerá de tomadas.”

Divulgação

Uma opção que parece mais próxima, hoje, é o motor a hidrogênio verde. “Tecnicamente, é um carro movido à energia limpa. É abastecido em minutos, ao contrário do elétrico, que leva horas ligado na tomada. Mas entre cerca de oitenta fabricantes em todo o mundo, apenas quatro já têm modelos sem baterias: Toyota, Honda, Hyundai e Mercedes.” A Toyota, segundo o engenheiro, está em fase de testes na Califórnia, e é a solução mais moderna. “O carro solar ainda está distante: precisa de uma área bem extensa para as placas de captação serem mais eficientes, ou de baterias que acumulem a energia gerada pelo sol. Além disso, é preciso reduzir os custos de produção.”

Enquanto isso, a fabricante holandesa Lightyear divulgou que seu protótipo solar One pode rodar 710 quilômetros com uma pequena bateria, o que baixaria o seu custo. Em testes em Aldenhoven, na Alemanha, o veículo pode chegar ao mercado em 2024. Já a startup Squad Mobility, também holandesa, optou por uma proposta mais viável. O Squad Solar City Car é movido à energia solar e parece um carrinho de golfe. Foi projetado para mobilidade compartilhada e custa cerca de cinco mil euros. Não precisa de habilitação e leva dois passageiros a 45 km/h. Sua autonomia é de 100 quilômetros (com baterias3) e 20 extras, com carregamento solar automático. O carro do futuro está chegando.

‘OVO’ Um carro com três rodas: modelo ainda passa por testes de velocidade para garantir sua segurança (Crédito:Divulgação)

Raio-x

Aptera carro solar

US$ 25,9 mil pela versão básica

402 km de alcance por carga

160 km/h de velocidade máxima, segundo o fabricante

22 mil reservas cadastradas pela empresa americana

FONTE: https://istoe.com.br/carros-movidos-a-sol/