Empreendedor do Complexo do Alemão explica para crianças os detalhes sobre a impressão 3D.
O último dia da 14ª edição da Campus Party começou com workshop do engenheiro mecânico Lucas Lima sobre a tecnologia da impressão 3D. Nesta terça-feira (15), uma plateia atenta observou fotos e recebeu explicações sobre cada detalhe das diversas peças que compõem uma impressora do gênero.
O detalhe? No lugar de um grupo de outros engenheiros, ou, ainda, um conjunto de executivos, a palestra de Lucas era acompanhada por crianças com menos de 10 anos.
O festival de tecnologia, empreendedorismo e ciência foi realizado entre os dias 11 e 15 de novembro, no Pavilhão de Exposições Anhembi, em São Paulo, contando com a presença de palestrantes nacionais e internacionais.
Após explicar ao grupo tudo sobre o funcionamento de uma impressora 3D, o engenheiro passou por uma sabatina dos pequenos espectadores sobre detalhes da máquina e curiosidades na sua vida profissional no ramo da impressão 3D. Quando Lima contou que já havia participado de um projeto em parceria com a Nasa, a Agência Espacial Americana, a curiosidade foi geral.
“Mas nem é tudo isso, viu, gente? Brasileiro é mais legal, porque a gente compartilha nossa tecnologia”, confidenciou às crianças.
Impressora 3D de sucata
Lima contou ao Byte que acredita que o fascínio dos mais jovens com a nova tecnologia está na extinção dos limites até então conhecidos pelas crianças, já que, com a impressora, é possível criar tudo o que se imaginar – incluindo as ideias mais mirabolantes de brinquedos.
“Quando eu falo para as crianças que dá pra imprimir uma outra impressora 3D a partir de uma impressora 3D, elas piram”, disse.
“Os pais também gostam dessa parte, porque pensam: ‘opa, então dá pra ganhar dinheiro’”, brincou.
E nesse sentido, não é só para as crianças que a impressão 3D se torna interessante.
Em 2019, a partir de seu trabalho de conclusão de curso na faculdade, Lucas construiu uma impressora 3D a partir de sucata e com um orçamento de menos de R$ 700, enquanto máquinas do mesmo calibre não saiam por menos de R$15 000.
O engenheiro, que deu início a sua carreira dentro de seu quarto no Complexo do Alemão, conta que a tecnologia, hoje, está amplamente disseminada, sendo capaz de construir próteses, peças diversas e até casas inteiras.
“Hoje em dia, essa tecnologia já não é mais tão cara. Até quatro anos atrás, você não conseguia, mas hoje você consegue comprar uma impressora chinesa por R$ 1000, R$ 1200 reais”.
Mas sempre há espaço para mais. Atualmente, os poucos projetos de implantação da tecnologia de impressão 3D em escolas são fruto de iniciativas isoladas, tendo como principal obstáculo a falta de financiamento.
“Aqui no Brasil, ainda é algo pouco acessível. Quando comecei a trabalhar com impressão 3D dentro das favelas do Rio de Janeiro, muita gente nem entendia o que eu fazia. Está caminhando, mas eu diria que ainda precisamos de mais uns 5 ou 6 anos para batermos a meta de todo mundo ter acesso a isso de forma igualitária”, diz.
Metodologia Steam
Lima atualmente é empresário, professor no Senai e atua em conjunto com governos estaduais para a implantação de laboratórios de tecnologia em escolas públicas.
No Rio de Janeiro, o engenheiro colaborou para a construção do Ginásio Experimental Tecnológico (GET) Elza Soares, que adota a metodologia Steam (abordagem inovadora que integra diversas áreas do conhecimento e combina Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), inaugurada em maio deste ano.
Ele conta que a expectativa é que, durante a atual gestão, colaborar com a implantação mais 25 laboratórios em escolas públicas do estado.
FONTE: https://www.terra.com.br/byte/campus-party-impressao-3d-tambem-e-para-criancas,c6da2eeabadfb9ecbf7a3881b0dc8e76dynbsgrq.html