Buser demite 30% para enxugar custos

Problemas regulatórios e escassez de liquidez em venture capital precipitaram cortes na startup de fretamento coletivo de ônibus.

A onda de demissões nas startups voltou a ganhar corpo neste fim de ano. Depois da Loft fazer mais uma rodada — cortando mais de 300 vagas —, agora é a vez da Buser. Numa tentativa de enxugar custos para reduzir a queima de caixa, a startup de fretamento coletivo de ônibus está demitindo 30% do quadro de funcionários.

O anúncio da Buser aos funcionários ocorre na manhã desta quinta-feira, disseram duas fontes ao Pipeline. Nas últimas semanas, o clima na startup já vinha piorando com os resultados aquém do esperado, o que parecia tornar as demissões incontornáveis.

Internamente, informações desencontradas davam conta de que a Buser poderia cortar até 50% dos funcionários, mas o número efetivo das demissões ficou mais próximo de um terço, segundo as fontes. A startup contava com cerca de 550 pessoas e as demissões atingiram em torno de 165 funcionários.

A Buser sofre com a liquidez mais restrita que atingiu o ecossistema de startups — os juros mais altos mundo afora reduziram o apetite dos investidores para risco —, mas também lida com problemas específicos de seu modelo de negócios.

Fontes que conhecem a Buser de perto argumentam que a startup está demorando mais do que investidores e a própria companhia imaginavam para resolver os problemas regulatórios. A startup enfrenta uma guerra judicial para mostrar que seu serviço é legal e sofre com a oposição das empresas tradicionais de fretamento e multas de agências fiscalizadoras como Artesp e ANTT.

Diante da situação delicada, a Buser também não consegue manter alguns dos principais quadros engajados. Rogério Patrus, um experiente executivo que já comandou a GE Healthcare na América Latina, chegou a ser indicado como COO da startup, mas não ficou muito tempo na função.

A Buser vem tentando convencer o mercado de que pode contornar o quadro negativo. A promessa aos investidores é que a redução de custos poderia ajudar o negócio a chegar ao breakeven ao longo do primeiro semestre do ano que vem.

Fundada em 2017, a Buser atraiu alguns dos gestores de venture capital mais ativos no país, incluindo Softbank e Valor Capital. Na última rodada, fechada em meados do ano passado, a startup levantou R$ 700 milhões em um aporte liderado pela Lightrock. Globo Ventures, Monashees e Canary também são investidores da companhia.

No ano passado, a Buser chegou a anunciar que investiria R$ 1 bilhão até 2023. Nas contas, considerava que R$ 300 milhões viriam da geração de caixa, o que agora parece improvável.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/buser-demite-30percent-para-enxugar-custos.ghtml