Brasileiros premiados em Harvard usam IoT para revolucionar mobilidade urbana

A Milênio Bus realiza a contabilização de pessoas em ônibus, trazendo informações assertivas para o governo, empresas e usuários.

Um dos maiores problemas enfrentados no transporte público de São Paulo é a superlotação. Isso acontece porque, por mais que haja um número máximo de pessoas sentadas ou em pé nos ônibus, não há ferramentas que auxiliem na contabilização de pessoas a bordo. Também pela ausência de ferramentas de análise, as previsões de chegada dos ônibus são pouco assertivas (quando existem), o que pode dificultar a vida dos usuários.

Foi com o intuito de trazer mais inteligência ao transporte público de São Paulo que os engenheiros Marcel Ogando, Renato Rodrigues e Fábien Oliveira participaram do 1º Hackaton da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo). O evento reuniu equipes para incentivar a elaboração de projetos que melhorassem a mobilidade urbana – e assim nasceu a Milênio Bus.

A princípio, a Milênio Bus desejava oferecer uma solução de pagamento digital (como QR Code) ao transporte público. Mas, ao estudar o mercado, os engenheiros perceberam que os agentes do transporte público tinham pouca noção de quantas pessoas eram transportadas simultaneamente.

Para resolver o problema, desenvolveram um sensor para contabilizar o número de pessoas em ônibus. A equipe foi selecionada entre as três melhores e, como prêmio, ganhou um período de incubação no [E]Lab, laboratório de experimento em transporte da EMTU. Com a incubação, ganhou também a chance de testar a solução em um ônibus de São Bernardo do Campo. Os engenheiros ainda trabalhavam na solução quando tiveram a oportunidade de se inscrever na Olimpíada Internacional de Tecnologia da Suíça. Lá, a equipe também foi vencedora – desta vez, ganhou visibilidade e recursos para o projeto.

Quando voltou ao Brasil, a Milênio Bus aumentou os testes no produto. “Vimos que era uma oportunidade para ter treinamento e ir atrás do investimento seed”, comenta Marcel Ogando, um dos fundadores da startup. Assim, se inscreveram na HackBrazil, competição que acontece durante a Brazil Conference At Harvard and MIT – e venceram. Dessa vez, o prêmio foi R$ 50 mil reais para tornar o projeto uma realidade e posteriormente apresentá-lo na Blockchain Challenge, em Dubai.

Análise de dados que traz inteligência

No primeiro protótipo, os engenheiros usavam um sensor para contabilizar o número de pessoas que entravam e saiam das portas dos ônibus. No entanto, descobriram na prática que o sensor era passível a erros, já que as pessoas se acomodavam perto das portas e eram contadas algumas vezes a mais.

Então, a Milênio Bus desenvolveu uma câmera que possui um software de contagem de pessoas – assim, nenhuma seria contada mais de uma vez. “Utilizamos a tecnologia de contabilização direto na câmera porque a contagem não poderia ser feita online, já que às vezes os ônibus poderão ir a locais onde não há internet. Essa tecnologia não existia até um ano, um ano e meio atrás”, explica Renato Rodrigues, co-fundador da startup.

Atualmente, a startup está sendo acelerada no MobLab (Laboratório de Mobilidade Urbana e Protocolos Abertos da Secretaria de Transportes de São Paulo – SMT) e está em fase de conversação com três cidades para implantar a solução como teste em linhas de ônibus.

A solução deve auxiliar no mapeamento do transporte público urbano. Os dados gerados a partir da câmera (e internet das coisas), além de informar às empresas de mobilidade urbana a lotação dos ônibus, pode ajudá-las a analisar quando são os horários e linhas de maior fluxo.

Os benefícios também impactam diretamente nos usuários do transporte, que podem ter informações de quais ônibus estão mais vazios (e assim escolhê-los), qual a previsão de chegada e utilizar o pagamento digital através do próprio celular. O pagamento digital auxilia na auditoria de catracas para as empresas e facilita a vida dos usuários, que não precisam mais usar o cartão de plástico (como Bilhete Único) ou dinheiro em espécie para pagar passagens.

“Fomos a São José dos Campos e ficou muito nítido que isso mudaria a maneira como ônibus são alocados nas frotas. Ajudamos na contagem de passageiros em cada linha e eles puderam falar ‘precisamos de mais um ônibus naquela hora, nessa outra linha não precisamos’”, comentou Rodrigues.

A startup apresentou sua solução em um encontro nacional de prefeitos e muitos gostaram da ideia. Agora, a Milênio Bus está conversando com os que tiveram maior interesse. “É bem legal, porque quando vamos falar sobre isso com um Secretário de Transporte, ele sente essa dor porque a população reclama que o ônibus está cheio. Trazemos informações preciosas que ele pode ter, mas ainda não possui”, afirma Ogando.

A Milênio Bus é um exemplo de como as startups podem transformar a mobilidade urbana. Para conhecer as principais inovações do setor, participe do Mobility Day – um evento criado pela StartSe em parceria com a EasyMuv que reunirá os maiores especialistas, startups e empresas de mobilidade.

FONTE: StartSe