BRASILEIROS CRIAM APLICATIVO DE MICROCRÉDITO E FATURAM R$ 3 MILHÕES

A Jeitto já possui 53 mil clientes no país e também oferece um serviço de carteira digital com um valor de até R$ 500

Fernando Silva, um dos fundadores da Jeitto. (Foto: Divulgação)

Uma chance de ter serviços financeiros úteis e eficientes para quem, hoje, é mal servido nessa área.” É assim que Fernando Silva, um dos fundadores da fintech brasileira Jeitto, define o propósito da empresa.

startup oferece crédito de pequenos valores para a realização de transações digitais. Os usuários podem ter um limite que varia entre R$ 80 e R$ 500. A Jeitto já possui 53 mil clientes no país e um faturamento de R$ 3 milhões.

A startup não oferece dinheiro em espécie. Qualquer crédito oferecido só pode ser utilizado dentro do aplicativo da empresa, em transações eletrônicas – a plataforma lê boletos e permite que o cliente pague suas contas.

Além disso, a Jeitto também dá acesso a serviços como Uber e Google Play. “É um serviço para quem está no fim do mês e precisa fechar algumas contas, mas não quer pegar dinheiro emprestado do banco”, diz Silva. “Em vez da pessoa se endividar demais, ela pode acessar o app e pagar as contas por lá.”

Para quitar a dívida com a Jeitto, o usuário deve emitir um boleto, que pode ser pago em agências bancárias, lotéricas e no bankline de preferência do cliente.

Quando o consumidor baixa o aplicativo, ele insere seus dados e autoriza o programa a verificar algumas informações contidas em seu smartphone. A partir dos hábitos de uso contidos no celular, a empresa autoriza o limite de crédito apropriado para o cliente. Não há a cobrança de juros rotativos e anuidades – a startup cobra taxas fixas pelos serviços que oferece. Ou seja, pode ser mais barato usar os serviços da fintech do que cair no cheque especial.

Caso o cliente não consiga acesso a nenhum valor, ele pode pagar um boleto com o valor de sua preferência e usar a Jeitto como uma carteira digital. “À medida que conhecemos o usuário, entretanto, podemos ir liberando o crédito”, diz Silva.

A ideia para a criação da Jeitto surgiu em 2009, quando Silva conheceu o projeto de uma startup do Quênia que tinha um modelo parecido: a M-Pesa, que permitia que os usuários carregassem créditos em sua conta e realizassem operações bancárias por meio de mensagens SMS.

Silva, na época, trabalhava na área de crédito de alguns bancos. Quando foi participar de um projeto na Nigéria com uma startup, conheceu o trabalho da M-Pesa, que se expandia por toda a África. O empresário percebeu, então, a possibilidade de aplicar algo similar no Brasil. Ele destaca a existência de uma parcela da população desbancarizada, ou que utiliza apenas contas-salário no país. “É um grupo de pessoas completamente desassistido”, afirma ele.

Além de uma carteira digital, o empresário pensava em oferecer crédito de fácil acesso a quem necessitasse.

Foi aí que conheceu seu sócio, Carlos Barros, que também estava interessado em começar um negócio parecido no país. Os dois então iniciaram uma imersão no público-alvo do empreendimento. “Fizemos entrevistas e pesquisas para entender o comportamento da classe média emergente do país”, diz Silva.

Em 2014, os dois lançaram o projeto. Mas os sócios ainda precisaram de quase três anos de aprimoramentos no algoritmo para chegar ao ponto que eles queriam – a dupla desejava criar um método diferente e facilitado de análise de crédito, segundo o empresário.

Hoje, o aplicativo já funciona oficialmente há dois anos. Segundo o fundador da Jeitto, no entanto, a maioria dos clientes usa o serviço por conveniência, e não por precisar de crédito. “Em vez dele ir em um banco ou lotérica pagar uma conta, ele usa o limite do aplicativo e quita o que precisa na hora. Depois, ele só faz o pagamento do nosso boleto”.

O empreendedor acredita que o aplicativo tem potencial para se tornar um marketplace digital com muitas possibilidades. “Queremos oferecer muitos serviços relevantes para nosso público, ampliando cada vez mais sua liberdade de compra”, afirma.

FONTE: PEGN