Brasileiros contam como é trabalhar em empresas de tecnologia na Europa

DUBLIN, Irlanda — São mais de dez horas de viagem, o afastamento de família, amigos e tudo aquilo que contribuiu para a formação da sua personalidade ao longo dos anos. Sem contar o trabalho que dá se acostumar a uma vida em que qualquer coisa vai soar diferente: a língua, as roupas, o dinheiro, o clima, a comida… a cultura, em geral. Mesmo com todos esses poréns, dia sim, dia não tem brasileiro embarcando de um aeroporto internacional para vir fazer carreira na Europa.

O mercado de tecnologia é um dos que mais fazem brilhar os olhos dos que optam pela migração. O que faz sentido quando se leva em conta que são principalmente as empresas do setor, com suas mesas de pingue-pongue em escritórios coloridos, que vêm contribuindo para redefinir o que representa a palavra “emprego”. E um número cada vez mais significativo de empresas de tecnologia está nascendo em países europeus, a exemplo da sueca Spotify, da britânica Shazam e da alemã Trivago, embora as mais chamativas por aqui ainda sejam as americanas.

“Muitas empresas hoje, por conta da questão das mudanças nas leis de privacidade na Europa, estão começando a ter que pensar em como montar sua infraestrutura dentro da Europa. Dentro de países que tenham mais rigorosidade com essa questão de armazenamento de dados”, destaca Eduardo Giansante, que há mais de três anos trabalha como global community manager no Dropbox da Irlanda, onde mora há quase uma década.

Ele faz parte de uma comunidade crescente de brasileiros que chegaram ao velho continente nos últimos anos e acabaram se encontrando no mercado tecnológico. O Olhar Digital passou as últimas semanas conversando com vários desses profissionais para mostrar a você, leitor, como funciona a migração, o que é preciso para tomar esse passo e os prós e contras envolvidos em uma iniciativa tão grande.

A PARTE POSITIVA

Talvez isso surpreenda o leitor, mas o salário e as condições de trabalho não são as primeiras coisas que saltam à mente quando uma dessas pessoas se depara com a pergunta: qual é a parte positiva? Quase todos com quem conversamos para esta reportagem citaram a convivência com o diferente como um dos principais pontos altos sobre trabalhar na Europa. Para André Munhoz, que está na Tchéquia atuando como gerente de e-commerce da Avast para o mercado brasileiro, trata-se de uma experiência “impagável”. “Acima de tudo, pra mim, o que é mais importante é o fato de poder trabalhar com pessoas do mundo todo”, comentou. “Só no meu departamento são seis nacionalidades.”

FONTE: Olhar Digital