Brasil terá uma rede de Internet das Coisas da American Tower

O Brasil é o primeiro país — e por enquanto o único — onde a American Tower do Brasil (ATC) está construindo uma infraestrutura de rede para internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). A empresa escolheu a tecnologia LPWAN (low power wide area network) no padrão LoRa (long range) e em frequência não-licenciada (banda ISM, 900MHz). Com isto, a companhia que possui 19 mil sites no Brasil, adquiridos das operadoras de telecomunicações, entra em nova área de atuação.

“Decidimos subir um degrau na cadeia e construir rede. Assim passamos de [agente] passivo a ativo na infraestrutura de rede”, disse Abel Camargo, diretor-sênior de estratégia e novos negócios da American Tower no Brasil. Camargo acredita que, se a empresa tiver sucesso no negócio, deve expandir o projeto e construir pedes próprias a outros países.

A rede IoT/LoRa já foi implantada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, cobrindo suas regiões metropolitanas que representam aproximadamente 24% do PIB. Atualmente, a infraestrutura está em fase piloto com testes de aplicações sendo conduzidos por parceiros como a Maxtrack, que faz rastreabilidade de caminhões e cargas. O objetivo é que a rede esteja funcionando em caráter comercial no quarto trimestre deste ano, com cobertura em mais de 80 cidades correspondendo a aproximadamente 55% do PIB brasileiro.

A companhia está usando sua rede de torres para instalar a rede IoT/LoRa. A meta é ocupar 2 mil dos 19 mil sites que a ATC tem no Brasil — a American Tower investiu R$ 8 bilhões com aquisição de infraestrutura no Brasil desde que iniciou suas atividades em 2001, sendo que 75% do valor ocorreu nos últimos quatro anos.

De acordo com a ATC, trata-se de uma rede neutra e que complementa as outras redes de telecomunicações. A American Tower vai vender conectividade para clientes com perfil de atacado, que precisem de uma infraestrutura de rede de baixo custo para suportar ou complementar suas soluções e aplicações de IoT. “A rede é voltada para empresas com necessidade de grande volume conectado, como operadoras de telecomunicações, grandes compradores para uso próprio para suas atividades empresariais, como empresas do segmento de utilities e integradores”, detalhou Camargo. Provedores de internet (ISPs) não estão no foco da ATC.

Camargo também explica que a conectividade poderá ser comercializada tanto pelas próprias operadoras de telecomunicações, como também por outros canais como integradores de soluções ou operadoras virtuais. A American Tower aposta em cinco principais verticais para uso da rede: cidades inteligentes; logística e gestão de ativos; utilities; agronegócio e lugares inteligentes, como casas conectadas e prédios inteligentes.

A tecnologia LPWAN permite implantação de aplicações com custos muito baixos de conectividade e sensores com baixo consumo de energia, cuja bateria pode durar mais de cinco anos dependendo da intensidade do uso. Entre as aplicações mais promissoras para essa tecnologia estão aplicações para cidades inteligentes, medição remota de energia, água ou gás, rastreamento de ativos, agricultura e pecuária.

Como parte complementar à rede, a American Tower em parceria com a Everynet e BandTec Digital School lançou o IoT Open Labs, um centro de experiência e desenvolvimento. No local, os interessados na rede LoRa podem conferir uma série de protótipos mostrando a utilização dos sensores em diversas aplicações, como bueiros, medição do solo, medidores de luz e gás, detecção de ruído, entre outras. O IoT Open Labs, ressaltou Camargo, é parte fundamental da estratégia da ATC em estimular o ecossistema.

FONTE: CONVERGÊNCIA DIGITAL