Brasil registra 1,7 mil startups para o agro: veja iniciativas e modelo que mostra na prática soluções ao produtor

Número de agtechs cresceu 8,1% no país de 2020/2021 para 2022, segundo o Radar Agtech. Na Agrishow em Ribeirão Preto, startups apresentam tecnologias que podem transformar propriedades rurais.

Muda de crotalaria exposta em estande na Agrishow 2023 em Ribeirão Preto, SP — Foto: Érico Andrade/g1

Em 2022, um levantamento do Radar Agtech, feito pela Embrapa, a SP Ventures e Homo Ludens, mostrou que o Brasil concentra 1.703 startups dedicadas ao agronegócio no país. O número é 8,1% do que o registrado em 2020/2021, quando os dados apontaram 1.574 empresas de tecnologia para o campo.

Segundo o Radar Agtech, dentre tantas oportunidades, a maioria das empresas está dedicada a alimentos inovadores e novas tendências alimentares, a sistemas de gestão de propriedade rural e marketplace e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários.

Em Ribeirão Preto (SP)a Agrishowuma das mais importantes feiras agro do mundo, reúne diferentes agtechs. Elas são um modelo de negócio, startups e tecnologias que surgem para ajudar o produtor rural a produzir mais com menos recursos.

Geralmente, as agtechs nascem de uma dor da agricultura, ou seja, a partir daí surge uma ideia e ela vai buscar na tecnologia a solução para o problema. Só em Ribeirão Preto, segundo o levantamento, há 39 startups atuantes.

Mas diante de tanta inovação e oportunidade, como o produtor rural pode escolher o que é melhor para o negócio dele.

Uma das novidades que está sendo apresentada na Agrishow ao agricultor é a Agnest, uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que consiste em uma fazenda de 60 hectares, localizada em Jaguariúna (SP), com 30 hectares de agricultura cultivável.

É uma espécie de laboratório, onde tecnologias disponíveis no mercado são aplicadas para que o produtor rural possa conhecê-las na prática e avaliar se são aplicáveis ou não à atividade dele no campo.

De acordo com Luis Henrique Marques, especialista de negócios da Nutrien, é o lugar onde o agricultor se sente à vontade, se familiariza, justamente por ser uma fazenda.

“A gente leva a tecnologia e testa ela dentro da Agnest com o objetivo de trazer o melhor resultado financeiro e sustentável para o produtor rural. Então o produtor rural quando chega na Agnest pode encontrar a melhor solução para o seu cultivo, ele consegue enxergar qual o real benefício de cada tecnologia e qual delas faz mais sentido para ele”, explica Marques.

O diretor explica ainda que o modelo é importante porque inclui o produtor de pequeno e médio porte, que muitas vezes pode ignorar o acesso à tecnologia por pensar que ela se aplica apenas às grandes produções. A Agnest tem a função de testar e facilitar a vida do produtor rural.

“Geralmente a tecnologia chega mais nas mãos de grandes agricultores, os pequenos ficam mais esquecidos. Ali na fazenda o pequeno produtor consegue ter acesso para entender qual a solução pra ele e já levar isso para a sua propriedade”, diz o especialista da Nutrien.

Pecuária tec

Uma das tecnologias já disponíveis no mercado, o IRancho se dedica ao segmento da pecuária. A startup, que participa da Agrishow, desenvolveu um sistema de gestão, responsável por digitalizar todas as operações da fazenda, centralizar o cadastro de contatos e máquinas.

“Através da plataforma IRancho, que funciona de forma on-line e off-line, o agricultor consegue acessar todos os dados da sua propriedade rural de qualquer lugar”, explica o consultor Jefter Ferreira.

A plataforma funciona da seguinte forma: o produtor rural adquire o sistema e o alimenta com todas as informações que ele tem do gado no pasto.

A partir disso, o IRancho consegue emitir relatórios de custos, controle do animal, nascimento, histórico de nutrição, histórico de vacinação, reprodução do animal, ou seja, uma série de dados que faz com que ele tome a melhor decisão para o rebanho ou individualmente.

“É um sistema novo, porém muito fácil de ser usado, uma criança e também um idoso conseguem ter domínio do sistema. Ele atende pecuaristas do pequeno até o grande produtor, mas é voltado apenas para o pecuarista, gado de corte mesmo”, explica Jefter.

O custo desse sistema para o fazendeiro varia de acordo com a quantidade de gado que ele tem, vai de R$ 187 por mês (de 1 a 500 animais) a R$ 1.069 por mês (de 5 mil a 10 mil animais). O IRancho atende hoje uma média de 700 clientes.

Grão que vira moeda

Outro exemplo que pode ser conferido na Agrishow é a Agrotoken, que trabalha a tokenização de grãos, ou seja, o produtor rural consegue transformar a sua produção em moeda de troca.

“A Agrotoken é uma startup que faz com que a produção de soja, milho ou trigo se torne moeda virtual de troca. Então o produtor rural consegue comprar máquinas, equipamentos que podem ser 100% financiados com essa moeda”, explica o CEO Anderson Nacaxe.

Qualquer produtor rural que esteja regularizado, consegue emitir o token, ou seja, consegue entrar na plataforma e passar a trabalhar o seu cultivo como moeda. Além disso, Nacaxe explica que o agricultor pode ter acesso a um cartão de crédito em que ele pode utilizar em qualquer rede.

“Se o produtor rural for até uma padaria, por exemplo, para tomar um cafezinho e pagar com o cartão, a padaria recebe em dinheiro. Na fatura do cartão [do produtor] vem descrito a quantidade de quilos que ele gastou de soja, se ele for um produtor de soja no caso”, afirma Nacaxe.

O token surge para fazer uma integração da cadeia agrícola servindo como de fato uma moeda. Além disso, se levadas em consideração as altas taxas de juros hoje praticadas no mercado, com a Selic a 13,75%, o token também ajuda o agricultor a competir com a concorrência bancária.

“São mais de 100 produtores atuando com o token. O maquinário, o ticket está bem alta e já são mais de 300 mil toneladas feitas, ou seja, que foram tokenizadas”, afirma Nacaxe.

FONTE:

https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/estacao-agro/noticia/2023/05/03/brasil-registra-17-mil-startups-para-o-agro-veja-iniciativas-e-modelo-que-mostra-na-pratica-solucoes-ao-produtor.ghtml