Brasil já tem produção de energia eólica equivalente a uma Itaipu

Energia eólica superou a marca de 14,34 GW (gigawatts) de capacidade instalada no Brasil, equivalente a usina de Itaipu

A energia eólica ultrapassou 14,34 GW (gigawatts) de capacidade instalada no Brasil, equivalente a uma usina de Itaipu – a segunda maior usina hidrelétrica do mundo.

Ao todo, são 568 fazendas eólicas em 12 estados. A energia gerada nos últimos 12 meses é suficiente para abastecer 25 milhões de residências por mês, ou cerca de 75 milhões de brasileiros, segundo dados da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

A fonte experimentou um crescimento exponencial no país desde 2009, estimulado por leilões promovidos pelo governo federal para a contratação de novos empreendimentos.

Expansão deve continuar. Contando os projetos contratados nos últimos leilões promovidos pelo governo, a projeção é de que até 2024 a energia eólica atinja, no mínimo, 18,8 GW de capacidade instalada.

“No próximo ano, chegaremos à segunda posição na matriz elétrica brasileira. Em janeiro, conseguiremos uma participação maior do que as usinas de biomassa, que hoje é a segunda maior fonte por trás das usinas hidrelétricas ”, diz Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

“A expansão do vento no Brasil é uma história de sucesso. Há dez anos, havia poucos investidores, hoje todas as grandes empresas têm investimentos em usinas eólicas ”, diz Thais Prandini, diretora executiva da consultoria Thymos.

No entanto, além da comemoração, a marca também acende um alerta. O motivo é a característica variável das usinas eólicas, cuja geração depende do regime de ventos, que não são constantes.

Em setembro, nos últimos dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a geração de usinas eólicas representou 13,98% de toda a energia gerada no sistema, um nível recorde. No entanto, nesse mesmo mês, a fonte passou a ocupar a participação mínima de 1,1% na geração nacional.

“É hora de discutir mais maneiras de garantir a segurança energética do país”, diz Gannoum.

O problema não é novo, diz a consultoria da PSR. A necessidade de fornecimento de energia para garantir o suprimento tem sido uma das questões mais debatidas nos últimos anos, de acordo com o último relatório da empresa de serviços públicos.

A questão piorou desde que o país parou de construir usinas hidrelétricas sem reservatório – obras que têm um impacto socioambiental muito maior do que as chamadas hidrelétricas, que estão mais sujeitas a escassez de água.

O avanço de fontes como a eólica e a solar, cuja geração também sofre variações ao longo do dia ou do ano, é outro fator cada vez mais relevante para o problema.

As possíveis soluções para essa questão são diversas e hoje são tema de discussões acaloradas entre representantes do setor elétrico.

Para Prandini, Thymos, é importante diversificar a matriz elétrica para minimizar os riscos de cada fonte.

“Uma solução seria fazer projetos híbridos, com usinas com mais de uma fonte. Ou até pensar em baterias, que hoje ainda não são economicamente viáveis, mas que são uma tecnologia importante ”, afirma.

O PSR também aponta possíveis soluções, como a alteração da operação de hidrelétricas para manter os reservatórios cheios, utilizando termelétricas para atender o pico de consumo, entre outros.

Hoje, a principal proposta na mesa de discussão é a realização de leilões regionais para a contratação de usinas térmicas a gás natural. O Ministério de Minas e Energia abriu uma consulta pública no final de outubro para discutir a proposta, que é bastante polêmica no setor.

Para a PSR, a proposta não resolve o problema devido a falhas na estruturação do leilão, o que estaria gerando um custo adicional ao consumidor de energia sem necessidade.

O avanço da fonte de energia eólica também levanta outro debate: o fim dos subsídios concedidos pelo governo federal ao setor no passado, para ajudar a consolidar a fonte no país e que hoje não seria mais necessária.

A Gannoum, da Abeeólica, concorda que chegou a hora de rever esses benefícios, que incluem, por exemplo, isenções de tarifas de transmissão e distribuição de energia, que aumentam a fatura do consumidor.

No entanto, ela argumenta que o fim do subsídio se aplica a todas as fontes, não apenas à energia eólica. Hoje, além da energia eólica, outros setores de geração estão ganhando benefícios, como a solar e o carvão.

FONTE: CLICK PETRÓLEO