Bradesco lança espaço de inovação que reúne startups e grandes empresas

Espaço de convivência no inovaBra habitat, ambiente de inovação compartilhada do Bradesco (Foto: Marcelo Brandt/G1).

Com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento de tecnologias que ajudem a transformar o seu negócio, o Bradesco inaugurou na quarta-feira (7), em São Paulo, o inovaBra, seu espaço de inovação compartilhada.

A estrutura reúne startups, fornecedores de tecnologia, outras empresas consolidadas, investidores, acadêmicos e consultores. A ideia do banco é se inteirar do que há de mais novo no mercado para não ser ultrapassado por companhias novatas. O Itaú Unibanco mantém desde 2015 uma iniciativa parecida, o Cubo.

“Nós não acreditamos que a inovação possa ser feita só dentro de casa, a gente tem certeza que novos modelos vão surgir através de startups, coisas que nós nunca pensamos nem iríamos pensar. Hoje o mundo é de colaboração”, disse Maurício Minas, vice-presidente do banco, na inauguração do prédio.

Ele não revela quanto o banco investiu no projeto, iniciado há quatro anos.

Estrutura

O espaço fica em um prédio de 22 mil m² e 10 andares na avenida Angélica, região central da capital paulista. Ele começou a ser ocupado há dois meses e já abriga 100 startups (número que pode ir até 180) e 30 empresas (podendo chegar a 50). No total, já são 600 pessoas usando a estrutura, que tem capacidade para 1,5 mil.

As startups que querem se instalar lá não precisam ser do ramo financeiro (fintechs). O foco são aquelas que trabalham com inovações para o ambiente digital, como blockchain, big data, internet das coisas e inteligência artificial.

Elas têm que pagar R$ 700 mensais por cada posição (ou pessoa) dentro da estrutura. Já as empresas maiores que querem dividir o ambiente precisam desembolsar mais dinheiro, numa espécie de subsídio às iniciantes. Os valores chegam a R$ 3.200 para as fornecedoras de tecnologia, por exemplo.

O pagamento é feito para a WeWork, firma de estações de trabalho compartilhado que projetou e administra o espaço. A empresa, porém, aluga o prédio, que foi construído pela seguradora do próprio grupo Bradesco.

Contrapartida

Para se alocar no “inovaBra habitat”, as startups passam por uma curadoria do Bradesco. Só são aprovadas as maduras, que já têm serviços e produtos no mercado.

“Queremos gerar e suprir demanda (de negócios), elas precisam ser capazes de entregar”, diz Minas. “Queremos aplicar o que está sendo gerado aqui no nosso negócio”, emenda.

Do outro lado, a contrapartida oferecida pelo Bradesco é a abertura de mercado. Foi pela possibilidade de ganhar novos clientes que a Nuveo, decidiu migrar todo o seu escritório para o “inovaBra habitat”, por exemplo. A empresa automatiza sistemas administrativos e já fornece soluções para o Bradesco.

“Na primeira semana o banco conseguiu indicar a gente para quatro novos clientes, então decidimos vir de vez para cá”, disse Flavio Pereira, fundador e CEO da companhia. A companhia tem 20 posições no espaço.

Outra startup que usa a estrutura é a Semantix, que presta serviços de inteligência artificial e big data para o banco e, inclusive, já recebeu um aporte dele. Ela já tem 30 funcionários lá dentro, número que ainda deve crescer. Segundo o presidente da empresa, Leonardo Santos, o objetivo é não só conseguir novos contratos, mas também aprender.

“Essa proximidade com empresas que estão em outros mercados, em verticais onde a companhia ainda é muito prematura ou ao mesmo tempo tá iniciando é uma vantagem”, diz Leonardo Santos, presidente da Semantix.

Também estão no inovaBra habitat gigantes como IBM, Microsoft, Alelo e Amazon Web Services (a empresa de soluções em nuvem da Amazon).

“Precisamos estar em um lugar como esse para oferecer nossos serviços e trocar experiências”, disse Roberto Prado, diretor de cloud da Microsoft.

Intercâmbio

O Bradesco vai levar parte de sua universidade corporativa para o “inovaBra habitat” e promover um intercâmbio de funcionários no espaço, que terá uma agência. A ideia é que eles convivam com as startups para aprender na prática a ter pensamento empreendedor.

A escolha de um local distante da sede do banco, que fica no centro financeiro da avenida Faria Lima, para construir o espaço também foi proposital. “Resolvemos criar o habitat onde está a inovação: avenida Paulista, Baixo Augusta, porque é a cara de quem vai nos ajudar a transformar o nosso negócio a médio e longo prazo”, disse Minas. “Não sabemos o que vem (no futuro), mas sabemos que quem não estiver preparado vai ficar para trás”, resumiu.

Vista do inovaBra habitat, espaço de inovação compartilhada do Bradesco (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Vista do inovaBra habitat, espaço de inovação compartilhada do Bradesco (Foto: Marcelo Brandt/G1)

FONTE: G1