Bossanova compra a Platta e vai ancorar ofertas de equity crowdfunding

Gestora de micro venture capital já investia, direta ou indiretamente, em quatro plataformas.

Ricardo Moraes Filho, da Platta, e João Kepler, da Bossanova — Foto: Divulgação

Gestora de micro venture capital, a Bossanova acaba de fechar a compra da Platta, plataforma de equity crowdfunding até então controlada por Ricardo Moraes Filho, um dos fundadores da corretora Rico. A Bossanova já vinha testando a água, como minoritária, direta ou indiretamente, de outras quatro plataformas – a SMU, Glebba, inco e Blox.

Com a proposta de se tornar um ecossistema completo de investimentos, os sócios da gestora resolveram mergulhar mais fundo num M&A. “Faltava um meio público de investimento onde a gente pudesse atrair e democratizar acesso a capital”, conta João Kepler, CEO da Bossanova. “Hoje todo mundo fala nisso, mas a gente vê esse tipo de oportunidade desde 2016. Somos empreendedores que investem.”

A gestora, que foi uma das pioneiras em pré-seed no mercado brasileiro, vai redefinir o modelo de negócio da Platta. Hoje, qualquer empreendedor pode cadastrar sua startup para captar recursos na plataforma. Com a aquisição, as ofertas vão passar pelo crivo da Bossanova, que será sempre a investidora principal, com participação de 40% ou mais nas rodadas.

Na prática, a Bossanova abre seu pipeline de operações em uma plataforma para que a pessoa física seja coinvestidora a partir de R$ 1 mil de aplicação, e também pode aumentar o ritmo de negócios.

Com uma ou duas ofertas por mês, a Bossanova pretende atrair mais de 10 mil investidores para a carteira até o fim do ano e quer realizar mentorias via Zoom para orientar esses novos sócios. “Não adianta de nada a pessoa física diversificar seus investimentos e não saber operar essa carteira. A Platta vem também com o objetivo de educar. Nossa indicação é que esse investidor aplique no máximo 5% do patrimônio líquido em startups”, diz Kepler.

Quando a CVM regulamentou o equity crowdfunding, em 2017, cinco plataformas operavam no país. No primeiro ano após o marco, a captação anual era de R$ 12,8 milhões, apenas uma fração dos R$ 188 milhões levantados no ano passado — em 2021, a Platta esteve entre as 10 plataformas de crowdfunding com maior volume de captação, com R$ 2,3 milhões levantados entre cerca de 170 investidores.

A retração recente no mercado de tecnologia, com desvalorização das startups em fases mais avançadas, deu um soluço também nas captações de fases iniciais. Mas os gestores acreditam que faz parte do ciclo e que as plataformas vieram para ficar. Tem gente grande nesse negócio: o Pátria é o controlador indireto da CapTable.

É a segunda aquisição de 100% de uma empresa feita pela Bossanova neste ano – em abril, a gestora comprou o site de notícias Startupi. Os demais investimentos da casa foram em participações acionárias.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/bossanova-compra-a-platta-e-vai-ancorar-ofertas-de-equity-crowdfunding.ghtml