Na busca por combater a desinformação e as fake news em sua plataforma, o Twitter lançou, na segunda-feira (25), o programa Birdwatch. Inicialmente disponível apenas nos Estados Unidos, o projeto-piloto reunirá cerca de mil usuários, que poderão adicionar notas e contextos informativos em tuítes considerados enganosos.
De acordo com um post de Keith Coleman, vice-presidente de produto do Twitter, no blog da companhia, a intenção não é dar um veredito de “verdadeiro” ou “falso” ao tuíte, mas sim, possibilitar que a própria comunidade forneça contexto útil para melhor o entendimento e a avaliação da publicação.
“Acreditamos que essa abordagem tem o potencial de responder rapidamente quando informações enganosas se espalham, adicionando contexto em que as pessoas confiam e consideram valioso”, diz a postagem.
Primeiramente, o usuário do Birdwatch classificará o tuíte duvidoso — os participantes do piloto também poderão adicionar notas em tuítes de outros usuários do programa. “Contém um erro factual”, “Apresenta uma afirmação não verificada como um fato” e “Trata-se de uma piada ou sátira que pode ser interpretada erronamente como um fato” são alguns exemplos.
Depois, o usuário poderá classificar os danos que o tuíte pode causar e deverá postar um contra-argumento para a publicação, dando mais contexto ou apresentando novos fatos à postagem.
Todos os dados contribuídos para o Birdwatch estarão disponíveis publicamente e poderão ser baixados em arquivos TSV. Já os algoritmos usados para impulsionar o programa serão publicados no Guia do Birdwatch, disponível na página GitHub do Twitter.
Por ora, as notas estarão visíveis apenas no site Birdwatch. No entanto, o Twitter afirma que trabalha para melhorias do piloto para posteriormente — desde tornar-se resistente a tentativas de manipulação até garantir que o programa não seja dominado por uma maioria tendenciosa —, liberar o recurso para todos os usuários da plataforma.
Atenção às fake news
Idealizado desde 2020, o programa Birdwatch é anunciado no mesmo mês em que o Twitter apresentou a exclusão de 70 mil perfis ligados ao QAnon.
A companhia admitiu que sua plataforma serviu como palco para incitações à violência e propagações de teorias conspiratórias, que serviram de “combustível” para o trágico ataque ao Congresso dos Estados Unidos no dia 6 de janeiro deste ano.
Percebe-se que o Twitter está empenhado em combater a desinformação em sua plataforma. No entanto, resta saber se o programa piloto funcionará de maneira eficaz para, de fato, frear a disseminação de fake news e teorias conspiratórias nas redes sociais.