Biotech que fabrica insumos para o campo a partir de microalgas estuda agora produção de hidrogênio verde

Duas oceanólogos e um oceanólogo em formação migraram da pesquisa científica para o emprendedorismo e hoje são sócios da TerraMares, startup com tecnologia reconhecida em outros países.

Tainã Machado Ança, Luiza Dy Fonseca Costa e Victor Brian Lopes Magalhães Divulgação/TerraMares

Foi nos laboratórios da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) que Luiza Dy Fonseca Costa, Tainã Machado Ança e Victor Brian Lopes Magalhães conheceram as microalgas. Os três são da área da oceanologia e hoje sócios da TerraMares, startup que fornece biotecnologia de microalgas a empresas. Em 2022, a startup teve um faturamento de R$ 86 mil. Desde dezembro, está sendo acelerada pelo Programa de Inovação em Hidrogênio Verde e pretende crescer mais de 10 vezes.

Ança e Magalhães eram estagiários no laboratório quando conheceram Costa, que já era pós-doutorado na área de oceanografia. Foi em 2019, em um momento de cortes dos investimentos em pesquisa na universidade, que Magalhães teve a ideia de empreender a partir de suas pesquisas. Em princípio, ele idealizou a Terramares como uma consultoria ambiental tradicional. Mas, com as atuais sócias, a empresa ganhou uma visão inovadora.

A partir de diferentes subsídios de programas para empreendedores nacionais e estaduais, eles conseguiram montar o próprio laboratório. “Hoje, nós temos a TerraMares incubada dentro da universidade, mas com autonomia e estrutura própria”, afirma Costa.

O modelo de negócios da empresa é o B2B. “A gente fecha uma prova de conceito e, a partir disso, consegue investir em maior escala, especificamente para o modelo que já é da indústria”, explica Magalhães. A startup oferece bioinsumos ou bioenergia de acordo com a necessidade de cada setor. Para os insumos, usa resíduos de empresas e aterros sanitários para alimentar as microalgas. No caso da bioenergia, a matéria-prima central por enquanto não são as microalgas. Os principais tipos de empresas atendidas pela biotech são de saneamento, fertilizantes, indústrias químicas e cooperativas do agronegócio.

Magalhães explica que há uma grande diversidade de microalgas no Brasil, que possuem diferentes funções para o solo. Para gerar bioinsumos, esses microrganismos são produzidos em bioreatores e depois combinados a diferentes cepas em proporção específica para o cultivo agrícola.

Biorreatores utilizados para a produção dos bioinsumos — Foto: Divulgação/TerraMares

Biorreatores utilizados para a produção dos bioinsumos — Foto: Divulgação/TerraMares

Atualmente, com a aceleração do Programa Hidrogênio Verde, a startup também está desenvolvendo um projeto piloto para produzir bioenergia a partir das microalgas, com biorreatores industriais que possibilitem a geração de hidrogênio verde. “As outras empresas que existem de microalgas estão apenas na agricultura. Em termos de energia, a gente é uma das únicas que atua com hidrogênio verde”, aponta o oceanólogo. Ele também diz que essa nova tecnologia está atraindo a atenção até mesmo de outros países.

O hidrogênio verde é um combustível produzido por meio de fontes de energias limpas e renováveis. Hoje, pode ser produzido, por exemplo, por meio da energia eólica, solar, da biomassa e do biogás.

O Programa Hidrogênio Verde é uma aliança entre Brasil e Alemanha. Magalhães conta que, antes de fazer parte do programa, eles foram para a Alemanha pelo Inova Amazônia, programa de internacionalização do Sebrae. Assim, conseguiram se conectar aos ecossistemas de inovação locais e ser acelerados.

Para 2023, a expectativa é aumentar a equipe e buscar novos parceiros. Em termos de faturamento, Magalhães acredita que a TerraMares deve crescer ao menos 10 vezes.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/um-so-planeta/noticia/2023/04/biotech-que-fabrica-insumos-para-o-campo-a-partir-de-microalgas-estuda-agora-producao-de-hidrogenio-verde.ghtml