Bem aceita, telemedicina seguirá em expansão após a pandemia

Estudo aponta que mercado brasileiro deve continuar crescendo no mínimo 15% nos próximos meses Por Leda Rosa — Para o Valor Económico

Luiza Mattos, da Bain: este ano mercado pode chegar a R$ 4 bi no Brasil — Foto: Divulgação

A pandemia abriu a porta do consultório médico para a telemedicina e a aceitação tem sido tamanha que nem o controle da covid-19 deve mudar a nova realidade. Essa é a aposta dos especialistas em saúde digital. O prognóstico positivo se sustenta nas vantagens que a tecnologia trouxe para pacientes (ampliação do acesso e comodidade), médicos (alta resolutividade e melhora dos desfechos clínicos) e corporações (corte de custos e modelos escaláveis). “Telemedicina é medicina para grandes populações porque só pela tecnologia é que vamos chegar a todos os brasileiros”, diz Eduardo Cordioli, presidente da Saúde Digital Brasil (SDB), entidade que representa os principais operadores de telemedicina do país, e gerente médico de telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo ele, com a pandemia, o atendimento on-line cresceu cerca de 1.500%, alta similar à de outros países, como Estados Unidos. Segundo a SDB, de março de 2020 a abril de 2021, 52,5 mil médicos atenderam por telemedicina mais de 7,5 milhões de pessoas. Do total, 87% foi primeira consulta. A resolutividade nas consultas avulsas de pronto atendimento foi de 91%. Além disso, 1% desses atendimentos foram essenciais para salvar vidas e ainda deixaram os pacientes satisfeitos – 90% consideraram o atendimento ótimo ou bom. O Einstein Conecta, serviço de saúde digital do Einstein, tinha pouco menos de 400 mil inscritos antes da pandemia. Hoje, são mais de 2 milhões. Especializado em testes laboratoriais remotos, o Hilab aumentou 50 vezes o total de clientes e os exames laudados. “O foco agora é fortalecer a equipe e ampliar o portfólio de exames”, diz José Restrepo, diretor de marketing do Hilab. Não há estatísticas nacionais sobre a redução dos custos, mas “a telemedicina resulta em economia, porque apoia os sistemas de saúde privado e público. No caso das operadoras, os usuários passam a ter a saúde mais bem cuidada, com ações de prevenção, que diminuem as situações agudas e os gastos de internação”, diz Jefferson Gomes Fernandes, neurologista e presidente do Conselho Científico do Global Summit Telemedicine & Digital Health, iniciativa da Associação Paulista de Medicina. No setor público, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes para cerca de 1.500 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Estudo da Bain & Company aponta que, em 2021, o mercado potencial/máximo da telemedicina no país pode chegar a R$ 4 bilhões. “O total equivale a 15% dos atendimentos remotos após as restrições da pandemia. Se o Brasil seguir o que aconteceu nos Estados Unidos, cujo expansão chegou a 24% nos pós-covid, haverá um adicional de R$ 1,8 bilhão”, diz Luiza Mattos, sócia da Bain. Esse mercado inclui, além da teleconsulta, o telemonitoramento (acompanhamento dos sinais vitais do paciente a distância), o telediagnóstico (especialista ou radiologista lauda exames feitos a distância) e a teletriagem (identificação remota do problema e encaminhamento do paciente).

FONTE: https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/10/28/bem-aceita-telemedicina-seguira-em-expansao-apos-a-pandemia.ghtml