A matriz energética brasileira é considerada referência mundial pela elevada participação, de 45,3%, de fontes renováveis em sua composição. Ainda assim, há um bom espaço para aumento da fatia da chamada energia verde no consumo do país. Com essa visão, bancos de desenvolvimento e organismos multilaterais vêm criando programas de financiamento para a transição energética rumo a uma matriz limpa, em linha com a Agenda 2030 das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável. É o que mostram as carteiras dessas instituições, que aumentaram seus financiamentos a projetos de usinas eólica e solar.
Pioneiro no financiamento de projetos de energias renováveis no Brasil, com de cerca de R$ 36 bilhões aprovados nos últimos cinco anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrou firme no financiamento à geração solar. A carteira reúne cinco operações aprovadas, com investimentos de R$ 2,8 bilhões e capacidade de quase 500 megawatts.
O banco também está empenhado na expansão de eficiência energética e geração distribuída (GD), que tem 1 gigawatt de potência instalada, com fonte basicamente solar, e acaba de lançar nova linha: BNDES Direto 10, para operações entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, com prazo de amortização de até onze anos. “O Brasil precisa avançar em eficiência energética e geração distribuída” diz superintendente da área de energia do BNDES, Carla Primavera.
No Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), os contratos para projetos de energia renovável dentro do programa Produção e Consumo Sustentáveis (PSC) cresceram 14,5% entre dezembro de 2016 e agosto deste ano, atingindo R$ 1,3 bilhão, de um total de R$ 1,6 bilhão contratado nos últimos quatro anos também para setores de agricultura de baixo carbono, gestão de resíduos e uso sustentável da água. Os projetos em energia eólica e solar são destaques do PSC, segundo Luciano Feltrim, superintendente de planejamento e sustentabilidade do BRDE, e são demandados por empresas de porte e setores variados como supermercados, confeitarias, fábricas de móveis e escolas.
A La Salle foi uma delas. A instituição contratou R$ 6,4 milhões com o BRDE para instalação de dois parques de geração de fonte fotovoltaica em Nova Santa Rita e em Viamão (RS). As usinas, que terão capacidade de 2 MW, fornecerão energia para 12 unidades da La Salle. Além da economia, de cerca de 60%, as usinas serão utilizadas no processo educativo, com duas estações meteorológicas, utilizadas para pesquisa acadêmica, segundo Graciela Oliveira, coordenadora de comunicação e marketing da empresa.
A agenda renovável também inclui o biogás. A Ecometano, associada da A Biogás, é pioneira no Brasil na produção de gás natural a partir de resíduos sólidos. Ela tem unidades em São Pedro da Aldeia (RJ) e em Caucaia (CE), cujo aterro sanitário recebe em média 4 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. Com investimentos de R$ 100 milhões, a planta cearense contou com financiamentos do Banco do Nordeste (BNB) e a empresa está em nova negociação com o banco para a expansão da usina.
Projetos de energias renováveis são foco também do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). “Temos uma carteira com mais de R$ 45 milhões em projetos fotovoltaicos, 77% deles no norte do Estado”, diz o economista-chefe do banco, Adauto Modesto Junior, destacando o potencial da região, com grande incidência solar.
Em processo para a instalação de escritório regional das Américas, com sede em São Paulo, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) vem construindo uma carteira sólida de projetos no Brasil. Conhecido como o banco do Brics, a instituição aprovou US$ 621 milhões em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no país. Os projetos no Brasil representam 6,2% da carteira total do banco. “A meta é elevar o percentual para até 20% a médio prazo”, destaca Cláudia Prates, diretora geral do escritório regional Américas.
FONTE: O PETROLEO