Baixos custos de big data e IA podem incentivar agricultura urbana, diz CEO da Plenty

Em conferência na Web Summit 2018, CEO da promissora agritech californiana apontou causas e efeitos do sucesso da companhia

O PROJETO DA PLENTY CONSISTE EM PRODUZIR FRUTAS E VEGETAIS EM LARGA ESCALA POR MEIO DE FAZENDAS VERTICAIS INTELIGENTES (FOTO: REPRODUÇÃO)

A agricultura urbana não é algo propriamente novo ou fora do radar da inovação. Ao mesmo tempo, é também uma área que parece teimar em decolar frente ao agronegócio tradicional. A Plenty é uma startup que se destaca nesse contexto. Em julho desse ano a companhia recebeu um aporte de 200 milhões de dólares — o maior já feito para uma agritech —, um dos feitos que trouxe o CEO Matt Barnard ao Web Summit 2018, conferência de tecnologia realizada em Lisboa, Portugal.

Barnard explica que o barateamento das tecnologias utilizadas para esse tipo de cultivo é cada vez mais sensível, e isso é determinante no sucesso de startups como a Plenty. Ele usa o exemplo do Google e da Tesla. A queda nos custos de armazenamento de dados antecedeu a fundação da gigante da internet. A mesma curva decrescente se verificou nos custos das baterias de íon-lítio pouco antes da fundação da montadora de carros elétricos.

O projeto da Plenty, como explica o executivo, consiste em produzir frutas e vegetais em larga escala por meio de fazendas verticais inteligentes. Com lâmpadas fazendo o papel de luz solar e substratos de plástico biodegradável fazendo as vezes de terra, as plantações podem ocupar galpões próximos a grandes centros urbanos.

O primeiro efeito disso é, segundo Barnard, a redução dos custos de distribuição: menos traslados para o produto significam, a princípio, menos gastos repassados ao consumidor. O alimento também ganha mais resistência. “Cortamos etapas, estressamos menos as plantas e aumentamos o tempo de vida dos produtos”, explica o CEO.

Há ainda um efeito ligado ao consumo desses alimentos. “Na Califórnia, onde há uma grande produção hortifruti, a população come menos frutas e vegetais do que é o indicado. Por quê? Porque essa fruta ficou dias em galpões, caminhões, não há prazer naquilo”, diz Barnard. “Se conseguirmos fazer com que frutas possam competir com comidas processadas, esses hábitos podem mudar.”

FONTE: ÉPOCA