As agtechs que estão em busca da irrigação perfeita

Empresa neozelandesa de agricultura compra startup americana que desenvolveu uma tecnologia de precisão para liberar água “contada” na lavoura, um sinal da importância do sistema para o futuro da agricultura – e do planet.

Sensor da Tule é o único a medir, em tempo real, a perda de água do solo por evaporação e a das plantas, por transpiração

Graças aos avanços de tecnologias como a internet das coisas, inteligência artificial e data analytics, as inovadoras agtechs vêm desenvolvendo ferramentas capazes de fornecer a quantidade exata de água, no momento ideal e local adequado, conforme as exigências de cada pé da plantação. Ao reduzir em 25% o consumo médio de água pelas lavouras, a irrigação de precisão é uma das fronteiras mais promissoras do agronegócio 4.0.

O ecossistema está em ebulição. Na terça-feira, 31 de janeiro, a empresa neozelandesa Crop X, uma das líderes globais no gerenciamento agronômico de fazendas, comprou a quarta startup focada em irrigação de precisão, desde 2020. Fundada em 2014, na Califórnia, com o apoio da aceleradora Y-Combinator, a startup Tule Technologies é uma das pioneiras do setor.

Desenvolvido nos laboratórios da Universidade da Califórnia, em Davis, o sensor da Tule é o único do mundo a medir, em tempo real, a evapotranspiração das lavouras – a perda de água do solo por evaporação e a das plantas, por transpiração. A tecnologia já está em uso em vinhedos, pomares e fazendas de nozes californianas.

“A indústria agrícola está na linha de frente dos desafios globais para equilibrar a segurança alimentar com o uso racional de água e outros recursos naturais”, diz John Gates, vice-presidente e chefe mundial de produtos da CropX, em comunicado.

O valor da aquisição não foi revelado. Antes da Tule foram adquiridas a americana CropMetrics, a neozelandesa Regen, e a holandesa Dacom Farm Intelligence.

Ao ser de precisão, a irrigação economiza água e dinheiro para os agricultores. Mais do que isso: regar as plantações na quantidade, tempo e local corretos, levando-se em consideração detalhes como o estágio de desenvolvimento da planta, aumenta a produtividade e a qualidade das lavouras.

A rega certeira dá origem a alimentos mais nutritivos e saborosos e mais duráveis, além de facilitar o controle de pragas e preservar a saúde do solo.

Com o aquecimento global, os períodos de seca tendem a se tornar mais longos, o que aumenta a demanda pela irrigação. No Brasil, por exemplo, 8,2 milhões de terras agrícolas são irrigadas, atualmente. Em 2017, eram 7 milhões. Desse total, 65% usam água de mananciais – apenas 35%, água de reuso. Ou seja, as novas tecnologias para otimizar os recursos utilizados na rega das lavouras se tornam indispensáveis.

Além disso, é preciso considerar o crescimento da população e o desenvolvimento econômico. Para se ter ideia, no último século, o consumo global de água doce sextuplicou. “E isso em um horizonte cuja previsão de aumento é de quase 25% até 2030”, lê-se no documento “Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos”, elaborado pela ONU.

Frente à urgência climática, à insegurança alimentar global e a escassez hídrica, os analistas da consultoria Business Wire, que pertence à Berkshire Hathaway, estimam que entre 2020 e 2027, o setor de irrigação de precisão deve crescer 47%. Indo de US$ 8,67 bilhões para US$ 16,44 bilhões.

FONTE: https://neofeed.com.br/blog/home/as-agtechs-que-estao-em-busca-da-irrigacao-perfeita/