Você, morador, pode ser uma espécie de síndico e monitorar todas as movimentações financeiras e rendimentos
Você sabe para onde vai a taxa de condomínio que você paga todo mês? Um aplicativo chamado Lar.App quer ajudar você, morador, a ser uma espécie de síndico e a monitorar como o condomínio gerencia o seu dinheiro.
A plataforma nasceu depois da irmã de um dos sócios quase perder um imóvel porque descobriu de última hora que o locatário do seu apartamento não pagava a taxa de condomínio há meses. Se a administradora do prédio tivesse dado um aviso prévio, o susto poderia ter sido evitado.
A história trouxe à tona uma realidade comum: muitos proprietários de imóveis ou locatários não fazem ideia de como a administradora faz a gestão financeira do seu condomínio.
“As pessoas não têm clareza sobre o que a administradora faz com o seu dinheiro todo mês”, diz Rafael Lauand, fundador e sócio do aplicativo.
Só no estado de São Paulo, os mais de 60 mil condomínios arrecadam R$ 16 bilhões por ano. Entre 5% e 10% do valor arrecadado com a taxa de condomínio vai para um fundo de reserva.
Na maioria dos condomínios, o dinheiro do fundo de reserva vai para uma conta chamada “conta pool”. Em vez do condomínio ter as reservas no seu nome, ele delega à administradora a guarda de seus recursos. O dinheiro vai para uma conta compartilhada por todos os clientes da administradora.
Os condomínios não podem consultar essas contas quando quiserem e precisam confiar no saldo informado pelas suas administradoras todo mês. O modelo é arriscado, pois os condomínios têm pouco controle sobre esse dinheiro e podem sofrer perdas se a administradora falir ou tiver seus bens bloqueados.
Entre os condomínios que têm contas próprias, poucos aplicam as reservas em um investimento. Entre os que aplicam, a maioria investe na poupança, que rende menos que a taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 6,5% ao ano.
“Mesmo condomínios de alto padrão, em que provavelmente os moradores, enquanto pessoa física, têm acesso a investimentos de maior retorno, não buscam ganhos financeiros para os recursos do prédio onde vivem”, diz José Vanni, sócio-fundador do Lar.app.
O aplicativo funciona como uma administradora digital de condomínios. Pela plataforma, todos os moradores podem monitorar as movimentações financeiras em tempo real. Além disso, também podem, por exemplo reservar a churrasqueira e falar com o porteiro pelo app.
A startup cobra uma taxa fixa por mês entre R$ 900 e R$ 1.800, por condomínio, conforme o tamanho e o tipo de plano. A taxa média contratada é de R$ 1.400.
Onde investir
Conforme o plano, os condomínios podem ter acesso a boletos impressos, suporte presencial da startup e sugestões de como investir o dinheiro além da poupança.
Como uma reserva financeira de uma pessoa, a aplicação financeira para investir os recursos do condomínio precisa ter duas características: liquidez diária — ou seja, o condomínio precisa conseguir resgatar o dinheiro a qualquer hora — e baixo risco — isto é, sem chance de ter retorno negativo.
Títulos do Tesouro Direto atrelados à taxa Selic, fundos simples ou CDBs com liquidez diária são as melhores opções para isso.
A empresa atende desde condomínios populares até os mais luxuosos. Em onze meses de operação, a startup tem atingido uma redução inicial de cerca de 10% nas despesas dos condomínios, nos primeiros três meses. A maioria pretende investir em melhorias no edifício, mas também há quem queira reduzir a taxa condominial.