Após sucesso no crowdfunding imobiliário, fintech mira outros setores

Antes dedicada a empreendimentos imobiliários, plataforma de investimento coletivo agora mira outros setores e prevê pagar R$ 160 milhões em retorno a investidores

Divulgação/Inco
Daniel Miari, Leonardo Belisário e Bruno Patrus são sócios da plataforma

Quando foi fundada há três anos, a Inco, plataforma de investimentos coletivos, estava focada no mercado imobiliário. O intuito era mudar a forma como as pessoas investem no setor, já que muitas vezes a falta de um conhecimento adequado fazia com que elas se deparassem com riscos operacionais.

Vendo esse cenário de perto e com o propósito de democratizar o mercado de investimentos, Daniel Miari, que aparece na lista Under 30 da Forbes Brasil de 2021, e os sócios Bruno Patrus, Leonardo Belisário e Rafael Patrus decidiram criar uma plataforma para dar acesso a qualquer pessoa que queira investir no mercado imobiliário com aportes a partir de R$ 500.

“A gente não queria que o mercado imobiliário fosse algo voltado apenas para grandes investidores. A ideia era trazer a possibilidade de realizar um investimento em poucos cliques, com acesso transparente a todos os dados das empresas, e entregar as informações mastigadas para os interessados entenderem o grau de risco, prazo e rentabilidade”, explica Miari em entrevista à Forbes Brasil.

Agora, a empresa quer expandir as operações para outros setores, como energia, startups e agronegócio. A mudança veio junto com a aprovação do Banco Central, que aconteceu em fevereiro deste ano, para que a Inco passasse a atuar como uma instituição financeira.

“Passamos a ter mais flexibilidade para estruturar garantias, com a possibilidade de negociar contratos maiores, como por exemplo um de R$ 50 milhões que tivemos recentemente”, conta Miari.

Crescimento orgânico

Com um modelo de negócios que facilita tanto o financiamento para empresas quanto a possibilidade do investidor encontrar um ativo com bons retornos, o crescimento da Inco sofreu uma reviravolta positiva.

Em 2019, com seu primeiro ano completo, foram R$ 10 milhões em valores transacionados na plataforma. Em 2020, o número mais do que dobrou e chegou a R$ 37 milhões. No ano passado, a empresa superou a marca dos R$ 150 milhões.

Antes de chegar nesse resultado, no entanto, Miari explica que ele e os sócios ficaram quase um ano sem salário. “Todo o dinheiro no início se tornava investimento para rodar o negócio. Lá no começo, tivemos um trabalho mais intelectual e foi em 2019, já com o operacional conciso, que conseguimos começar a receber salários”.

“Tivemos a sorte de poder ficar um tempo sem esse retorno próprio, porque isso foi fundamental para crescer e girar a empresa”, diz o cofundador.

A Inco já pagou R$ 95 milhões em retorno a investidores desde o início da fundação – a plataforma viabilizou investimentos em mais de 80 projetos. Segundo Miari, a expectativa é que até o final do ano a plataforma entregue mais de R$ 160 milhões aos clientes.

Miari conta que o número de investidores que volta a procurar a plataforma para fazer aportes também é alta – há casos de clientes que já aportaram mais de 50 vezes nos empreendimentos disponibilizados. Além disso, a inadimplência das construtoras é baixa, mas ele deixa claro que existem risco.

“Não excluímos essa possibilidade. Atualmente, temos o caso de uma construtora que não pagou uma das parcelas e estamos tentando minimizar os impactos”, explica o sócio investidor, que complementa que a melhor forma de se proteger é não investir todo o patrimônio, e sim diversificar a carteira.

Além disso, Miari diz que a Inco também investe em todos os empreendimentos que disponibiliza para seus clientes e que apenas cerca de 5% a 10% dos projetos avaliados passam pela curadoria da empresa.

De profissional do kart a Under 30

Antes de fundar a Inco, Daniel Miari participava de competições profissionais de kart desde os oito anos de idade. Segundo ele, o esporte trouxe o espírito competitivo como lição para os negócios: “Isso me ajudou a ter vontade de melhorar e evoluir como empreendedor.”

Somado aos dias em que ele corria nas pistas, Miari também se dividia entre duas faculdades: direito e engenharia, que trouxeram conhecimentos importantes para o negócio. Depois da dupla formatura, ele procurou os amigos dos tempos de colégio para criar a Inco.

“Nós três nos juntamos e apresentei a ideia, que surgiu ao observar a minha família investindo no setor imobiliário. O meu pai, por exemplo, é incorporador e aportava em alguns projetos. Eu já estudava o mundo dos investimentos e queria entrar no mercado imobiliário, mas não tinha o dinheiro necessário”, relembra ele.

“Por ser formado em engenharia, eu conhecia as empresas, mas faltavam recursos. Então fui atrás e descobri que já havia um modelo de investimento coletivo nos Estados Unidos e que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tinha acabado de regular o mercado no mesmo mês que tive a ideia, lá em 2017. Vi isso como um sinal.”

A ideia de arrecadar dinheiro do investidor comum para aplicar em empreendimentos imobiliários ganhou o mercado e, em 2021, Daniel Miari apareceu na lista Under 30 da Forbes Brasil, que reúne mentes jovens e visionárias que se destacaram nos mais diversos setores do país.

FONTE: https://forbes.com.br/forbes-money/2022/06/apos-sucesso-no-crowdfunding-imobiliario-fintech-mira-outros-setores/