Após os carros sem motorista, vêm aí os sem volante e pedal

Nova plataforma para veículos autônomos realiza 320 trilhões de operações por segundo

WASHINGTON E LAS VEGAS, EUA. A fabricante de automóveis norte-americana General Motors pediu autorização para testar um carro sem volantes nem pedais, dentro de seu programa de desenvolvimento de um veículo autônomo, que planeja levar às ruas em 2019. Apresentada no Departamento de Transporte dos Estados Unidos, a solicitação se refere a um “veículo desenhado desde o começo para funcionar por si próprio, sem motorista, volante, pedais, ou controle manual”, disse um comunicado.

A maioria dos modelos autônomos em teste ainda têm volante, porque se tratam de adaptações a plataformas já existentes. O volante e os pedais também continuavam presentes porque a legislação em determinados Estados norte-americanos prevê a possibilidade de uma pessoa assumir a direção, caso seja necessário.

Trata-se agora da quarta geração do veículo autônomo desenvolvido pela GM, o Cruise-AV, baseado em seu carro elétrico Chevrolet Bolt. A GM deve apresentar uma solicitação de autorização para testar o veículo nas ruas, porque não cumpre as normas vigentes nos Estados Unidos para a homologação de automóveis.

A maior fabricante de veículos nos Estados Unidos pretende ser a primeira a pôr em circulação um automóvel totalmente autônomo no país e estabeleceu como meta fazê-lo em 2019.

Em abril passado, a empresa também anunciou a intenção de criar mais de mil empregos no Vale do Silício para desenvolver as tecnologias necessárias. Ela já está testando nas estradas da Califórnia uma versão autônoma do Bolt, mas equipada com um volante e pedais, como um veículo tradicional.

Sua concorrente norte-americana, a Ford, planeja vender veículos autônomos em 2021, e vários outros importantes fabricante mundiais, como Toyota, Mercedes-Benz, Renault-Nissan e Volvo também trabalham nessa tecnologia.

Na semana passada, a Mercedes-Benz também apresentou, na Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia em Las Vegas, seu carro-conceito Smart Vision EQ, também sem volante nem pedais. O pequeno elétrico é a estrela da estratégia de compartilhamento de carros da companhia, que visualiza o transporte, num futuro não muito distante, como autônomo, conectado, elétrico e compartilhado.

A tela central de 24” é auxiliada por duas superfícies nas laterais para pequenas informações, como mensagens de boas-vindas para os passageiros. O veículo atende a comandos de voz.

Hardware. A inteligência artificial não é o maior obstáculo para a popularização dos carros autônomos. Agora, é o hardware. Ou era. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, apresentou na CES 2018 os hardwares desenvolvidos pela empresa para carros autônomos. Além da plataforma Xavier, com processamento de baixo consumo capaz de automatizar a direção de carros de competição, veio a plataforma Pegasus: um “monstro” de processamento capaz de levar a automação de carros a um nível em que eles se tornam totalmente independentes de motorista.

A Nvidia afirma que o Pegasus oferece dez vezes mais operações por segundo (320 trilhões de operações /s) em termos de capacidade computacional, se comparada com a tecnologia antecessora.

Legislação ainda é o desafio

Os veículos que não precisam de motorista foram as estrelas da CES, a feira de eletrônicos de Las Vegas, mas a tecnologia ainda tem desafios importantes pela frente. Gigantes como Tesla, Audi, Mercedes e Volvo propõem a adoção gradual de funções de condução autônoma nos veículos de série. Por exemplo, carros que podem estacionar sozinhos.

Mas “ainda estamos muito longe do dia em que poderemos ver um filme”, deixando que o veículo dirija sozinho, disse Rebecca Lindland, analista da Kelley Blue Book, da Califórnia.

A convenção de Viena sobre circulação, que define as regras internacionais, estipula que um motorista deve estar em todo momento no comando de seu veículo. Essa normativa já foi modificada para autorizar experiências com veículos autônomos e a adaptação de legislações nacionais. Mas a presença do motorista vai diminuir aos poucos.

“O marco regulatório atual já se adequa perfeitamente aos veículos autônomos”, disse François Nédey, membro do comitê executivo da Allianz France. Em caso de um acidente, o operador é responsável pelo veículo. Em não havendo motorista, a seguradora poderia agir sobre a montadora numa situação de mau funcionamento do sistema de navegação autônoma.

 FONTE: O TEMPO