Após doença da mãe, empreendedor cria membrana de celulose para tratar as feridas da pele

O engenheiro florestal João Carlos Moreschi, da Vuelo Pharma, desenvolveu um produto que evita que “pele artificial” seja rejeitada pelo corpo

A mãe do engenheiro florestal João Carlos Moreschi tinha úlcera e sofria muito com lesões na pele. Incomodado com o sofrimento da mãe, Moreschi decidiu criar um produto para ajudá-la. De acordo com ele, na época, já existiam membranas de celulose para o tratamento de feridas, mas muitas delas não eram compatíveis com a pele de todas as pessoas e sofriam rejeição.

Moreschi foi professor universitário por mais de 30 anos. Tinha experiência na área industrial.

Assim, começou a usar bactérias para produção de membranas de celulose. Conseguiu desenvolver um produto praticamente puro. Eliminou as impurezas e fez com que a membrana se tornasse biocompatível. Essa característica permitiu que o item não fosse rejeitado pelo corpo das pessoas.

 Conhecido como Membracel, o produto é capaz de regenerar a pele e acelerar a cicatrização. É possível até mesmo aliviar a dor da ferida. “A membrana é com uma pele artificial, ela é um isolante do meio externo, mas possui poros para a pele transpirar”, diz o empreendedor. Esse foi o primeiro produto da Vuelo Pharma. Fundada em 2000, a empresa faturou no último ano mais de R$ 2,5 milhões.

Em 2009, o filho do professor, o administrador Thiago Rossetto, se juntou ao time da empresa. Para ele, um dos grandes diferenciais da membrana é a existência de poros.

Quando alguém tem uma lesão, há um excesso de umidade na ferida, caso não haja saída para essa secreção, a pele costuma ficar esbranquiçada. “Parece que nunca vai sarar”. A tecnologia desenvolvida veio para resolver esse problema. O produto tem a certificação da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa).

Novos produtos

Recentemente, a Vuelo Pharma desenvolveu um novo produto com foco no público ostomizado — pessoas que fazem uma intervenção cirúrgica para colocar uma bolsa, que irá realizar a coleta das fezes.

A empresa desenvolveu uma cápsula chamada Gelificador. Quando ela entra em contato com o conteúdo da bolsa, libera um óleo para minimizar o odor. Além disso, solidifica as fezes. “O produto também trouxe benefícios de ressocialização para os clientes. “Havia pessoas que tinham vergonha de sair de casa, por causa do cheiro da bolsa”, afirma Thiago.

Outro produto desenvolvido pela empresa é o spray de barreira. Ele é usado para proteger a pele de lesões. Com relação aos preços, a membrana de celulose custa de R$ 16 a R$ 160. Já o Gelificador chega ao consumidor por R$ 50. O spray custa R$ 105.

A Vuelo Pharma trabalha tanto com o consumidor final como também com farmácias e empresas especializadas em práticas curativas.

FONTE: PEGN