Após ‘boom’, fintechs perdem fôlego em todo mundo, diz Moody’s; Nubank é exceção

Agência aponta entre fatores a redução dos investimentos em função do cenário global de aumento de juros.

Após um boom dos últimos anos, as fintechs em todo o mundo perderam fôlego em 2022, segundo a Moody’s. Para a agência de rating, diversos fatores explicam isso, como a redução dos investimentos em função do cenário global de aumento de juros, a resposta dos bancos incumbentes à ameaça de novos competidores e dificuldades regulatórias em algumas regiões.

A Moody’s cita algumas fintechs que reduziram sua presença, como N26 e Monzo, que saíram dos EUA, e a Affirm, que trabalha com “buy now, pay later” e demitiu funcionários. Cita ainda outras menores, que fecharam de todo, como Xinja, Volt e Nirvana Money. Por outro lado, aponta que algumas fintechs têm conseguido se destacar, mesmo nesse cenário mais difícil. É o caso do brasileiro Nubank, o coreano Kakao Bank e o australiano Judo Bank.

“KakaoBank, Nubank e Judo Bank são exemplos de bancos digitais que continuam apresentando melhorias operacionais e crescimento dos negócios mesmo diante das difíceis condições de mercado, usando a tecnologia para fornecer serviços inovadores e aumentar a eficiência. KakaoBank e Nubank atingiram massa crítica em termos de escala, o Kakao em parte por causa das sinergias do relacionamento com seu conglomerado maior e um foco na receita, e no Nubank em parte devido à forte execução da administração”, aponta a Moody’s.

Segundo a agência, o ambiente macroeconômico desfavorável para investimentos em ‘growth’ enfraqueceu fintechs e bancos digitais, expondo muitos com modelos de negócios falhos e antieconômicos. “Em um ambiente de taxa de juros mais alta e crescimento mais baixo, empresas de venture capital e private equity reduziram os financiamentos que apoiavam numerosos novos entrantes. A falta de capital enfraqueceu as fintechs e, em alguns casos, causou sua morte”.

Com o capital bem mais escasso, muitas fintechs também podem virar alvo de aquisição, de outros players digitais ou mesmo de grandes bancos.

O relatório aponta ainda que bancos incumbentes fizeram investimentos estratégicos para aprimorar as ofertas digitais e expandir suas capacidades, organicamente ou através de parcerias e aquisições. As instituições tradicionais também têm uma vantagem crítica ao possuírem marcas bem estabelecidas e relacionamentos de longo prazo com os clientes, dando-lhes acesso a um funding estável, o que é particularmente benéfico em um clima econômico mais difícil.

Na área de regulação, a agência aponta que nos países desenvolvidos o ambiente não é tão favorável como nos emergentes e aponta que os EUA, por exemplo, tem endurecido a postura em relação a criptoativos, um segmento no qual muitas fintechs atuam.

Seja como for, a Moody’s aponta que no longo prazo a capacidade da tecnologia de reduzir custos, aumentar a eficiência e ampliar a inclusão no mercado financeiro permanece. Esse é um dos motivos que algumas fintechs têm se provado realmente disruptivas. No caso do Nubank, o relatório aponta que além do Brasil, o banco já está crescendo suas operações no México e Colômbia.

FONTE:  https://valor.globo.com/financas/noticia/2023/02/15/apos-boom-fintechs-perdem-folego-em-todo-mundo-diz-moodys-nubank-e-excecao.ghtml