Após aporte, proptech Bel reforça estratégia e traça planos para 2023

A união da tecnologia e do setor imobiliário tem gerado bons resultados no ecossistema de inovação e atraído investidores globais com produtos e serviços para melhorar a experiência do mercado. Com tantas soluções para todas as pontas, incluindo unicórnios consolidados no Brasil, a pergunta que fica é: Tem espaço para mais?

Para Gregorio Kelner, cofundador e CEO da proptech Bel, a resposta é sim. “Existe um grande gap de um player que nasça ao lado das imobiliárias, ajudando-as a trazer clientes da forma mais inteligente e sem competir com elas”, afirma. O executivo explica que as maiores empresas com soluções para o mercado imobiliário – sejam elas grandes sites como ZAP Imóveis e Viva Real, ou proptechs como Loft QuintoAndar – não se posicionaram desde o início como aliados das imobiliárias.

“No segmento de busca por imóveis temos, de um lado, grandes proptechs como Loft QuintoAndar, que surgiram para ser as grandes imobiliárias digitais do Brasil. Apesar de terem reformulado o modelo e hoje aceitarem imóveis de terceiros, elas começaram como concorrentes das imobiliárias tradicionais. De forma semelhante, grandes portais como ZAP fizeram um movimento para que os usuários não precisassem das imobiliárias e buscassem apartamentos direto em suas plataformas”, diz Gregorio.

Ele destaca que mais de 90% dos imóveis no Brasil estão nas mãos das imobiliárias e que elas ainda geram a maior parte da receita para as plataformas, muito mais do que as pessoas físicas anunciando seus apartamentos. “A única forma de ser relevante é ter as imobiliárias com você. Hoje muitas são parceiras dos grandes players, mas ainda têm desconfiança com o modelo, porque em algum momento eles se posicionaram como concorrentes. Nenhum player relevante nasceu ao lado das imobiliárias – e é aí que queremos atacar”, pontua.

Buscador de imóveis

A proposta da Bel desde o dia 0 é ser um parceiro das imobiliárias, se posicionado como o grande buscador de imóveis do Brasil. Fundada em meados de 2022, a proptech analisa todas as informações dos imóveis para o cliente e entrega resultados de forma otimizada e assertiva. Para criar o negócio, Gregorio uniu-se a Guilherme Mitre e Rodrigo Fraga, com quem fundou a fintech iUPay, adquirida pelo Guiabolso (PicPay); e Maria Eduarda Herriot, fundadora da empresa de análise de documentação para o mercado imobiliário Legaut, adquirida pelo QuintoAndar.

A plataforma funciona como um Google para quem está à procura de um imóvel, ou seja, um buscador que reúne todos os anúncios de imóveis da internet em um único lugar. O sistema usa inteligência artificial para agrupar todos os anúncios do mesmo imóvel, retirar aqueles que não estão mais disponíveis e eliminar informações erradas ou desatualizadas. Além disso, analisa todas as ofertas e apresenta aos usuários aquelas que fazem mais sentido com o que eles estão procurando. “O usuário consegue ter tudo em um só lugar, o que faz com que a busca seja muito mais rápida e certeira”, explica Gregorio.

Planos de 2023

A proptech anda a todo vapor. A companhia mal anunciou a sua rodada pré-seed, no valor de R$ 2,5 milhões, e já está estruturando os seus próximos passos, que incluem o fortalecimento da área de dados e uma nova captação ainda em 2023.

“Nossa plataforma traz o que os grandes portais tem de bom (grande quantidade de anúncios) e o que as grandes imobiliárias digitais tem de bom (qualidade de anúncios).  Além disso, começamos a estruturar um terceiro pilar, agregando dados inéditos aos anúncios que nenhuma outra plataforma de imóveis mostra”, diz Gregorio.

Ele explica que o mercado de anúncio de imóveis no Brasil ainda é muito pobre em informação se comparado com setores como o dos Estados Unidos. Lá fora, muitas plataformas já são capazes de apresentar o histórico do anúncio e de preço do imóvel, valor da última venda, há quanto tempo o apartamento está no mercado e até quantas imobiliárias estão vendendo.

Por isso, o objetivo da Bel para os próximos meses é investir ainda mais forte em tecnologia para incrementar a área de dados. Ainda no 2º trimestre, a proptech espera reforçar a área de dados com informações que ajudem o usuário a entender melhor o que está buscando, trazer mais transparência e encurtar a distância entre o comprador e o imóvel.

Com o dinheiro do pré-seed, a companhia validou a solução com os primeiros clientes, aperfeiçoou o produto, conquistou os primeiros usuários e garantiu a melhor experiência de ponta a ponta na plataforma, dos compradores de imóveis às imobiliárias em busca de novos leads.

O aporte foi feito por executivos como Rafael Duton (Movile), Gustavo Debs (Zup), Tulio Kehdi (Raccoon), Gustavo Caetano (Sambatech), Ricardo Feferbaum (Ex-Vice Presidente do Grupo ZAP), Marcelo Sampaio (Hashdex), Roberta Antunes (Hotel Urbano), Gabriel Guimarães (Brex) e Marcello Berland (Ex-CEO da Shopee América do Sul). O consultor Geraldo Ferrer e o fundo Orla Ventures também participaram da rodada, que avaliou a startup em US$ 5,4 milhões.

Apesar da ressaca no mercado de venture capital, a startup está confiante de que vai colocar mais gasolina no tanque nos próximos meses. Uma nova captação, um seed entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões, deve ser concluída entre o final do 2º trimestre e o início do 3º. Dessa vez, o foco será escalar a solução, buscando aumentar a base de usuários sem deixar de lado o olhar para a experiência do usuário.

Hoje a operação está restrita ao Rio de Janeiro, onde a proptech tem parceria com 3 imobiliárias, incluindo Lopes Enjoy e o app EmCasa, e cerca de 314 mil imóveis na cidade na base de dados. A startup espera ampliar a atuação para outras cidades ainda este ano, especialmente em São Paulo, pelo alto volume de classificados.

“O mercado se adequou, está menos aberto a investimentos, mas as maiores dificuldades estão em estágios mais altos do que o nosso, da série B para frente. No estágio inicial, houve mudanças, a barra está mais alta e algumas coisas não são mais aceitas, mas não é tão problemático”, analisa Gregorio. Para o executivo, a mensagem clara do momento é ser enxuto e sustentável desde o início. “Não é uma boa colocar um time imenso e captar um grande volume de dinheiro super rápido. É um recado bom para ser mais racional”, observa.

FONTE: https://startups.com.br/proptechs/apos-aporte-proptech-bel-reforca-estrategia-e-traca-planos-para-2023/