Aplicativos com inteligência (artificial) que antecipam nossas necessidades

Dispositivos capazes de prever o gosto do usuário não são mais ficção científica

Negocios Disruptivos

As apps começam a utilizar a inteligência artificial. PIXABAY

inteligência artificial começa a sair do âmbito da ficção científica e passa a fazer parte dos nossos dispositivos cotidianos. A tendência começou com os assistentes virtuais de voz, como a Siri, da Apple, a Alexa, da Amazon, a Cortana, da Microsoft, e o Google Assistant. Mas, embora a propaganda nos fale de aparelhos que praticamente pensam sozinhos, o fato é que a inteligência artificial atual se baseia apenas no reconhecimento facial e de voz. É o chamado machine learning, ou seja, a máquina aprende conosco e sabe se antecipar às nossas preferências utilizando os conhecimentos que já vêm previamente carregados. A Netflix usa isso, por exemplo, quando nos recomenda um filme ou série com base nos programas que vimos anteriormente.

Graças a esse machine learning banhado em inteligência artificial (IA, na sigla em inglês), já estão aparecendo vários aplicativos bastante curiosos para celulares. Embora sua capacidade de ação seja surpreendente, a verdadeira IA do amanhã dependerá mais do processador instalado no smartphone do que dos próprios aplicativos. Enquanto isso, vejamos alguns deles:

Lyli, disponível apenas para iOS, é um bot que conversa conosco para solicitar informações e poder nos recomendar um determinado estilo de roupa que, supostamente, combinará à perfeição com nossos gostos. O Lyli tenta ser o substituto digital daquela amiga (ou amigo) que sempre nos espera na porta do provador para nos dar a sua opinião mais sincera. Começa perguntando como somos, para obter dados da nossa compleição física, e depois nos mostra algumas roupas aleatoriamente, para dizermos se gostamos ou não. Assim o aplicativo vai afinando a oferta até chegar a algo que poderíamos considerar o ideal do nosso guarda-roupa.

Seu modelo de negócio se centra nos catálogos das lojas de roupas mais procuradas (Zara, H&M, Saks, Gap…), que oferecem descontos se comprarmos as peças através do aplicativo.

FaceApp é um dos mais conhecidos aplicativos para retocar e alterar retratos. Ganhou fama não só por sua popularidade, mas também pela polêmica que se criou após a denúncia de que um de seus filtros tinha a tendência de clarear a cor da pele a fim de tornar as pessoas mais atrativas – em outras palavras, branqueava gente negra. Foi tachado de racista, e seus criadores tiveram que se desculpar publicamente em abril deste ano.

O FaceApp usa a inteligência artificial e uma série de redes neuronais que vão aprendendo com as fotos retocadas por cada usuário, podendo assim combinar os diversos elementos do nosso rosto com os outros que ele tem em sua base de dados. Desta forma, quanto mais gente o usar, melhores serão suas sugestões. O mais surpreendente é que ele pode nos acrescentar um sorriso totalmente natural numa foto em que estamos sérios, tirar os nossos óculos e inclusive mostrar como seríamos se fôssemos do sexo oposto ou o aspecto provável que teremos ao envelhecer.

Parla é um exemplo de que o machine learning chegou à educação. É um aplicativo para a aprendizagem de idiomas que, segundo seus criadores, se baseia na inteligência artificial para tornar mais efetiva e especializada a aquisição de conhecimentos. Já que cada indivíduo tem suas capacidades e ritmos no momento de adquirir conhecimentos, o aplicativo examina o comportamento do usuário, aprende sua forma de estudar e descobre seus pontos fracos em pronunciação e vocabulário para tornar a tarefa mais simples, eficaz e intuitiva, chegando até a encontrar a forma de motivar emocionalmente o aluno para que realmente se interesse pelas aulas.

ThirdLeap Math se transforma em um professor de matemática particular de nossos filhos. Não só ajuda o aluno a fazer os deveres como também o ajuda a compreender como se obtém a solução de cada problema matemático. O programa é capaz de analisar a evolução do usuário e até avaliar seu avanço a cada determinado período de tempo como forma de controle.

Gyant é um dos numerosos ‘bots’ destinados à saúde. Através de uma conversa natural nos pede que indiquemos quais são nossos sintomas para determinar a provável causa do que nos acomete. Sua ajuda pode ser útil para determinar o que nos afeta e para nos tranquilizar se formos um pouco hipocondríacos.

Sherpa é a iniciativa espanhola que nasceu como a alternativa Android ao ajudante virtual Siri da Apple, em 2013. Foi evoluindo desde então e talvez seja menos conhecido do que seus competidores, mas graças aos seus algoritmos aprende tudo sobre nós e chega até a prever a informação que precisamos se antecipando e nos fornecendo antes de perguntarmos por ela.

Ems auxilia na tarefa árdua que é procurar apartamento, é preciso muito tempo e a consulta de numerosos sites com centenas de fichas de moradias. Esse aplicativo é um exemplo de que a IA pode agilizar muito certas tarefas que necessitam de um tempo que não temos. Nós só precisamos fornecer os dados do que queremos e ele nos ajuda a encontrar o lugar perfeito onde morar. O único problema é que ainda está em fase beta e por enquanto só pode nos ajudar a encontrar casas em Londres.

Mezi é um ajudante virtual de compras que é capaz tanto de encontrar diferentes produtos em diversas lojas, como de organizar uma viagem completa com voos, hotéis, restaurantes e traslados incluídos somente com uma conversa com o aplicativo. Combina a ajuda da inteligência artificial com a intervenção propriamente humana de agentes de viagens e assessores de lojas de comércio eletrônico.

Bridge Kitchen, que ainda está em fase beta, não é o típico aplicativo de receitas de cozinha, mas se coloca no lugar de nossa mãe e nos diz como cozinhar um determinado prato passo a passo, resolvendo até mesmo as dúvidas de cocção que aparecem enquanto vamos elaborando a refeição.

Buaala nos ajuda a construir nossa própria programação televisiva a partir de nossos gostos e tendência e também nos permite compartilhar esses e outros planos de ócio com nossos amigos. Para suas propostas de conteúdo utiliza um algoritmo de inteligência artificial baseado em inteligência coletiva com o qual nos propõe o que ver de nosso interesse em toda a oferta diária, o que inclui tanto a televisão tradicional como as plataformas de streaming, e até mesmo nos conecta com outros usuários que têm interesses audiovisuais semelhantes aos nossos.

Amper Music não é um aplicativo de celular, pelo menos não ainda, mas um programa web que ainda está em fase beta e que compõe música usando inteligência artificial. É evidente que a música precisa da contribuição da criatividade humana para ter a categoria de arte, mas também é certo que uma máquina pode nos servir de ajuda nesse processo criativo e isso é justamente o que faz esse serviço, já que através desse programa podemos pedir ao computador que componha música especialmente para, por exemplo, colocar de fundo em um vídeo. Para fazê-lo funcionar só temos que indicar o estilo que queremos, nosso estado de ânimo e a duração que precisamos.

FONTE: EL PAÍS