Airbus aposta em hidrogênio verde para sua “revolução” na aviação limpa

A europeia Airbus está se unindo à Fortescue Future Industries (FFI) para reforçar seus planos relacionados a uma aeronave movida a hidrogênio verde e que deverá estar pronta para operar em 2035. Não só isso. Esta aliança, conforme traz o anúncio desta terça-feira (8) da empresa australiana tem como foco permitir que a indústria da aviação se descarbonize por meio deste combustível com emissão zero.

As duas empresas assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) na sede da Airbus – na cidade francesa de Toulouse – oficializando que cada uma delas deverá atuar em sua respectiva especialidade.

Hidrogênio tem cor?

Hidrogênio verde, como qualquer outro, não tem cor. Na verdade, é exatamente igual qualquer hidrogênio, e, como qualquer hidrogênio, sua combustão produz água, não carbono.

A diferença é no processo de fabricação: o hidrogênio verde é produzido através da decomposição da água por eletrólise, usando fontes de energia elétrica limpas, como energia eólica ou solar. É diferente do hidrogênio “cinza” (que é mais de 90% do atualmente disponível), que deriva de um processo químico com petróleo, emitindo gases-estufa. Assim, mesmo se um carro ou avião andando com hidrogênio cinza só emita água, e não CO2, o carbono já foi emitido quando o combustível foi fabricado.

 Há um enorme desafio em descarbonizar a frota quando se fala de aviação, porque baterias são pesadas para usar em aviões, e só funcionam para mover hélices, não motores a jato. Para jatos, o hidrogênio parece ser a única saída.

A FFI se concentrará nos desafios da cadeia de suprimentos (perspectivas de custo, direcionadores de tecnologia) e nos possíveis cenários relacionados à entrega de hidrogênio verde aos aeroportos. Enquanto isso, a Airbus pesquisará aspectos como estruturas regulatórias e especificações de reabastecimento (uso de energia da frota, cenários para demanda de hidrogênio na aviação, etc).

No centro dessa espécie de trabalho de força-tarefa focada, está o hidrogênio verde que, ao contrário de outras formas de hidrogênio, tem sua produção utilizando apenas energias hidrelétrica, eólica ou solar. Tal componente não depende de combustíveis fósseis para ser desenvolvido.

Uma revolução nas viagens de avião

“O problema não é viajar, o problema é como abastecemos nossos aviões e navios – tudo isso deve liberar emissões. Sem greenwash [uma espécie de apropriação indevida de virtudes ambientalistas], sem miragem, apenas 100% verde”, disse o fundador e presidente da FFI, Andrew Forrest.

Segundo o empresário australiano, a indústria global de aviação produziu mais de 2,5% das emissões globais de dióxido de carbono, com as emissões dobrando desde a década de 1980. “Chegou a hora de uma revolução verde na indústria da aviação”, disse.

 Forrest citou a própria Austrália como exemplo dos “desastres de nosso ambiente em mudança”. “As inundações catastróficas na costa leste [do país australiano] estão sendo descritas como eventos de um em 1.000 anos”.

Nas palavras do empresário, “a cada ano, há apenas um 0,1% de chance de uma inundação dessa gravidade acontecer. O clima da Austrália já aqueceu em média quase 1,5° Celsius desde 1910, e esses eventos extremos ocorrerão com mais frequência se a indústria não se unir para descarbonizar rápida e completamente”.

De magnata do minério a defensor do verde

“Peço às instituições remanescentes que continuam investindo em combustíveis fósseis que pensem em seus filhos. Em particular, os chamados empreendedores que estão apoiando ativos de combustíveis fósseis, por favor, considerem o futuro de seus filhos acima de seus lucros”.

Conforme traz a Reuters, o presidente da FFI, construiu a maior parte de sua riqueza no setor de mineração de minério de ferro e recentemente se tornou um entusiasta do combate às mudanças climáticas.

Por sua vez, o vice-presidente de aeronaves de emissão zero da Airbus, Glenn Llewellyn, disse que “o futuro das viagens aéreas é verde”. “A Airbus identificou o hidrogênio verde como a opção mais promissora de descarbonização para enfrentar nossos desafios ambientais”, disse Llewellyn, descrevendo o que chama de “revolução da aviação verde”.

FONTE: https://olhardigital.com.br/2022/03/08/carros-e-tecnologia/airbus-aposta-em-hidrogenio-verde-para-sua-revolucao-na-aviacao-limpa/