Agtech focada em abelhas fatura diagnosticando saúde das colmeias

App combina inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT) para fazer análise sem a necessidade de um time técnico ir a campo

Colaboradores da Agrobee (Foto: Divulgação )

O investimento em inovações e práticas mais sustentáveis têm se mostrado cada vez mais importantes para o ganho de produtividade no setor agrícola. Com base nessa premissa, Andresa Berretta, Guilherme Sousa e Carlos Rehder fundaram a Agrobee, startup que conecta criadores de abelhas e produtores rurais, com o objetivo de realizar e melhorar a qualidade do serviço de polinização em diferentes culturas. No último ano, a agtech ofereceu a solução, conhecida como “Uber das Abelhas”, para mais de 70 fazendas e teve faturamento próximo de R$ 1 milhão.

Fundada em 2018, a empresa surgiu após Berreta convidar Sousa e Rehder para participarem de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O projeto do trio foi selecionado pela instituição e recebeu aporte de R$ 1,2 milhão. “Quando começamos as discussões [do projeto], estávamos num momento de alta mortandade de abelhas. Uma das causas estava ligada a falta de comunicação entre os produtores e apicultores. Então, percebemos a necessidade de propor a polinização de cultivos agrícolas visando o aumento de produtividade dos grãos e gerando por tabela outros benefícios”, afirma Berretta, diretora de marketing da Agrobee.

Em 2018, eles fizeram os primeiros estudos laboratoriais da solução e, no ano seguinte, disponibilizaram-na comercialmente. Na prática, a agtech, por meio de um aplicativo, facilita a conexão de apicultores e agricultores, orientando-os na escolha do insumo agrícola, na quantidade e na instalação de colmeias, nas espécies de abelhas a serem utilizadas e na mensuração de resultados.

Além disso, o app combina inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) para diagnosticar a saúde das colmeias sem a necessidade de um time técnico ir a campo. “O apicultor tira algumas fotos dos quadros de cria da colmeia. A partir disso, a inteligência artificial vai classificar se aquela colmeia está saudável, fraca ou precisa de mais manejo. Com isso, a gente consegue reportar para os nossos clientes se o processo está sendo benéfico para cultura e as abelhas”, explica Sousa, CEO da Agrobee.

Apicultor mostrando quadro da colmeia  (Foto: Divulgação )

Apicultor mostrando quadro da colmeia (Foto: Divulgação )

Segundo a empresa, o serviço de polinização pode aumentar em até 30% a produtividade de culturas agrícolas baseadas em floradas. “A academia e as pesquisas científicas vêm mostrando que a presença desses insetos [abelhas] podem melhorar a polinização dessas flores, aumentando a produtividade e a qualidade dos grãos”, conta Souza à PEGN.

Recentemente, a empresa fechou uma parceria com a Nescafé para elaborar planos de polinização em fazendas nas regiões da Chapada Diamantina, do cerrado mineiro e do sul de Minas Gerais. Estudos indicaram que tanto a qualidade do café como a quantidade foi superior nos pedaços que as abelhas atuaram.

Atualmente, a agtech oferece serviços para 70 fazendas e, no último ano, as abelhas polinizaram um total de 1.700 hectares. O tíquete médio varia conforme cada cultura e área. No caso do café, o serviço custa menos de uma saca por hectare, aproximadamente R$ 1,2 mil.

Para o futuro, a expectativa é aumentar em 20 vezes o número de áreas polinizadas. Em 2022, a estimativa é faturar R$ 3 milhões. “A gente pretende chegar a 2026 e 2027 polinizando cerca de 50 mil hectares de café e 125 mil hectares de soja”, projeta Sousa.

Além da soja e café, a startup já tem projetos com abacate e caju, que não foram explorados comercialmente.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2022/06/agtech-focada-em-abelhas-fatura-diagnosticando-saude-das-colmeias.html