Aceleradora Plug and Play prepara expansão no Brasil

Uma das maiores aceleradoras do Vale do Silício confirma que terá um escritório no País a partir de setembro e investirá em startups da área financeira e de bebidas, agricultura e alimentos

A aceleradora Plug and Play, uma das maiores do Vale do Silício, decidiu abrir um escritório no Brasil a partir de setembro, confirmou Andrea Sanchez, uma das executivas responsáveis pela operação.

Desde abril, quando fez um road show pelo Brasil, a Plug and Play está prospectando o mercado local. Na ocasião, seus executivos afirmaram que avaliavam uma operação no Brasil e que estudavam as opções. Agora, o martelo está batido.

“Vimos que havia interesse das corporações e decidimos abrir um escritório em São Paulo”, afirma Andrea. A operação local, no entanto, será comandada por Luís Dearo, executivo com passagens no banco suíço UBS e no espanhol Santander.

Apesar de ainda não ter uma base no Brasil, a Plug and Play atuava no País por meio da Oxigênio Aceleradora, da seguradora Porto Seguro. O Banco do Brasil, o Hospital Albert Einstein e o cartão Elo, de Banco do Brasil e Bradesco, eram parceiros da aceleradora, mas através de seu escritório nos Estados Unidos.

A Plug and Play tem três modelos de negócios. O primeiro deles são os programas de aceleração. No ano passado, foram aceleradas 1,1 mil startups pela empresa.

O segundo modelo de negócio é chamado de corporate innovation, em que faz parcerias com grandes corporações para buscar tecnologias e empresas iniciantes. Globalmente, a Plug and Play conta com 300 parceiros.

Por fim, a Plug and Play conta com um braço de venture capital que investe em estágios iniciais de startups. Até hoje, a aceleradora já aportou recursos em mais de 1,2 mil startups, entre elas os unicórnios Paypal e DropBox.

No Brasil, a Plug and Play vai atuar em duas modalidades: a de corporate innovation e a de venture capital. No primeiro caso, duas verticais foram escolhidas: fintech e agritech, que inclui startups de bebidas, agricultura e alimentos.

O objetivo, explica Andrea, é contar com o apoio de cinco empresas brasileiras em cada uma dessas verticais. “Já temos quatro empresas brasileiras fechadas e vamos anunciar seus nomes em breve”, afirma a executiva.

Na área de venture capital, o objetivo é aumentar o número de empresas investidas. Hoje, são 42 startups, por conta da parceria com a Porto Seguro. “Vamos, no mínimo, dobrar esse número”, afirma Andrea.

Na carteira de startups brasileiras da Plug and Play estão a Truckpad, um aplicativo que ajuda caminhoneiros a encontrarem cargas para transportar, a rede de microfranquias de passar roupas Mania de Passar e a empresa de logística para e-commerce LogBee, comprada pela varejista Magazine Luiza

Andrea não diz o volume de recursos que serão investidos no Brasil. Mas informa que os aportes, que serão em estágios iniciais das empresas, devem ser de em média US$ 25 mil. Nos Estados Unidos, o valor do cheque da Plug and Play é na casa dos US$ 150 mil. “Mais para frente devemos estruturar um fundo para investir no Brasil”, diz a executiva.

Saeed Amidi investiu no PayPal como um investidor-anjo muito antes de criar a Plug and Play

Do Irã ao Vale do Silício

A Plug and Play foi fundada pelo iraniano Saeed Amidi. Sua família chegou aos Estados Unidos, exilada do Irã, e fundou uma loja de tapete, chamada Medallion Rug Gallery, em Palo Alto, no coração do Vale do Silício.

Amidi trabalhava na loja da família, mas ele e seu irmão resolveram entrar no mercado imobiliário, alugando espaço para empresas inovadoras do Vale do Silício. Um dia bateu na porta de Amidi os empreendedores Max Levchin e Peter Thiel, dois dos fundadores do meio de pagamento PayPal.

A dupla fez uma oferta irrecusável a Amidi. Propôs pagar antecipadamente dois anos de aluguel. Ele topou e pegou metade do dinheiro para investir no PayPal como um anjo. Em 2002, o eBay pagou US$ 1,5 bilhão ao PayPal, garantindo um bom retorno a Amidi.

Apesar de Amidi investir em empresas de tecnologia desde 1996, a Plug and Play surgiu só dez anos depois. Hoje, a aceleradora se tornou global, com escritórios na China, Japão e em vários países da Europa, como Alemanha, França, Itália e Holanda.

Nos Estados Unidos, conta com diversos concorrentes, entre eles a Y Incubator, que tem no seu “currículo” investimentos em startups como Airbnb e Stripe. No Brasil, a aceleradora ACE será uma rival. Até mesmo programas como o Cubo, do Itaú, e o Inovabra Habitat, do Bradesco, tem modelos semelhantes ao da Plug and Play.

FONTE: NEOFEED