Ação Disruptiva: já ouviu falar?

Estava eu em um evento (pra variar) e parei por alguns minutos (coisa rara) para prestar atenção a uma palestra. Sou fã do palestrante e fiquei ali ouvindo, quando ele mencionou um termo novo ‘ação disruptiva’ e antes que vocês me critiquem com algo do tipo: ‘Poxa, Meire, justo você não conhece esse termo tão em moda… etc. etc. etc…’. Então, ‘mea cupa’ total, minha gente. Assumi tantas responsabilidades nos últimos anos que deixei de lado um hábito extremamente saudável: ler e ler sobre tudo. Tenho tentado não abandonar a leitura totalmente e então estou sempre com um livro na mão para ler sabe quando? Sim, quando tenho tempo. O que significa, atualmente, dentro de um avião.

Voltando ao texto e depois deste chororô, vamos ao termo que chamou tanto minha atenção: ação disruptiva e seus termos associados: disrupção, inovação disruptiva, educação disruptiva, e por aí vai…o termo já atingiu tantas áreas e mercados que é o novo queridinho dos coachs pela vida afora. Fui pesquisar né? Queria entender o termo e a colocação na palestra em questão. O palestrante usou o termo para instigar os participantes e usarem de ações disruptivas em seu cotidiano profissional. Ok, mas o que é isso? Vamos lá!

O termo nem é tão novo viu? Foi criado por um professor de Harvard, chamado Clayton Christensen, em 1995, em um artigo intitulado Disruptive Technologies: Catching the Wave, traduzindo seria algo como Tecnologias Disruptivas: pegando a onda. A teoria da disrupção afirma que quando você cria algo inovador e simples, você quebra o status quo, ou seja, você desequilibra algo já tradicionalmente aceito. E esse algo inovador e simples acaba engolindo o concorrente. Quer exemplos? Celular engolindo o telefone fixo, Smartphone engolindo o celular tradicional, Netflix engolindo as TVs abertas e cinemas, o Waze engolindo o GPS que engoliu os mapas de papel, o Uber engolindo os táxis, E-mails que engoliram as lindas cartas de amor, o Wikipedia que engoliu as enciclopédias e o Google que engoliu todo o resto.

Essas inovações disruptivas vieram para tornar mais fácil, mais rápido, mais barato algo que já existia, desequilibrando um mercado já existente e criando um novo. Pura inovação!

Você já parou para pensar de forma disruptiva? Ou melhor, será que você é uma pessoa disruptiva e nem sabia disso? Podemos chamá-los de empreendedores também, ou você acha que o cara que criou o churros em formato de casquinha de sorvete para servi-lo, obviamente, com sorvete, não é uma pessoa totalmente disruptiva?

Kodak, Nokia e Blockbuster são alguns exemplos de empresas que dominavam seus mercados e, por falta de percepção e de investimento em novas propostas de valor disruptivas, foram massacradas por empresas inovadoras do dia para a noite. fonte: bloggestaoempresarial.fdc.org.br

Pois é, fiquei pensando em mim mesma. Poxa, será que já fiz algo disruptivo e nem percebi? E a resposta foi: SIM. Na verdade, sou casada com uma das pessoas mais disruptivas que conheço. E, certamente, nossa ação mais disruptiva foi a criação da ABRACOPEL. Pense comigo: a Abracopel nasceu de uma necessidade do mercado, não somente do mercado elétrico, mas de qualquer mercado. Não existia uma entidade que falasse sobre os riscos que a eletricidade oferece. Não existiam dados e números sobre acidentes desta origem no Brasil. Não existiam ações de conscientização para profissionais e para a sociedade em geral. Enfim, não existia a Abracopel. E ela nasceu com essa missão, aliás uma missão totalmente disruptiva, ou seja, sacudir o status quo do setor elétrico.

Já tem quase 14 anos e nós temos criado ações e mais ações disruptivas. Senão vejamos (adoro essa expressão!): não existia nenhum evento específico para os eletricistas brasileiros – a Abracopel criou o Encontro de Profissionais Eletricistas, ação que durou mais de uma década e reuniu profissionais do Brasil inteiro em torno do tema eletricidade segura. Foram mais de 300 Encontros nesse tempo, reunindo cerca de 30 mil profissionais.

Mentes disruptivas são inquietas. Sei bem! Não estávamos satisfeitos apenas com eventos técnicos, tínhamos que chegar até a população leiga. E o que fizemos? Criamos um Prêmio de Jornalismo para instigar os profissionais de mídia a pautarem matérias de impacto sobre os riscos com a eletricidade e que chegassem à sociedade como um todo. Essa ação disruptiva está completando 12 anos. Matérias incríveis foram geradas, transmitidas, vistas, ouvidas e lidas nesse tempo. Muitas pessoas deixaram de se acidentar e, talvez morrer, por conta desta ação.

Investir em inovação é querer fazer a diferença na vida das pessoas e oferecer a elas soluções simples, acessíveis e eficazes. José Roberto Marques – coach

E a inquietude não para! E para isso, criamos um termo dentro da Abracopel, chamado ‘Toró de parpites’, na verdade abrasileiramos o famoso Brainstorm e começamos a instigar os membros abracopelenses a pensar de forma disruptiva (e eu nem sabia que o termo existia). E o que aconteceu? De uma mente privilegiada surgiu a ideia de um Concurso de Redação e Desenho, afinal precisávamos atingir a criançada e os adolescentes, já que os dados estatísticos de mortes desta faixa etária nos incomodava demais. Resultado: o concurso que agora também tem a categoria Vídeo, está em sua 7ª edição. A moçadinha de nosso Brasil está sendo conscientizada graças a mais esta ação disruptiva.

Se um copo já está cheio, a água despejada nele transbordará para fora e não será aproveitada. Da mesma forma, se uma empresa tem total convicção nos seus métodos atuais e não abre espaço para a inovação, a novidade transbordará para fora do negócio. Fonte: bloggestaoempresarial.fdc.org.br

E aí? Entendeu a teoria da disrupção? Se animou? Se enxergou em alguma ação? Se sim, você é uma pessoa disruptiva e, certamente, já deve ter criado algum produto ou serviço diferenciado. Se não se enxergou, mas se animou, vá em frente… continue a pensar dessa forma! Olhe para o seu segmento e pense: o que eu faria diferente? O que tornaria esse produto ou esse serviço mais fácil, mais barato, mais atraente? E vá em frente! Neste momento tão complicado de nosso país, pessoas e ações disruptivas não são somente necessárias, são fundamentais!

E saiba de uma coisa: a disrupção não está necessariamente ligada ao sucesso. Pelo menos, não em um primeiro momento. Ela está ligada à busca por soluções inovadoras que agreguem valor e que provoquem uma mudança na vida das pessoas!

*Meire Biudes Martinho, é jornalista e comunicadora empresarial. Assessora de imprensa da Abracopel e Coordenadora do Portal Universo Lambda. Há quase 18 anos vem promovendo ações disruptivas ao lado do seu parceiro de vida.

FONTE: ABRACOPEL