5G: quando chega e quais serão os impactos

Tecnologia trará mudanças radicais para a sociedade, aponta especialista

A quinta geração de internet móvel (5G) deve permitir que praticamente qualquer objeto se conecte à internet por meio da rede celular. É o que destaca o professor Renato Giacomini, coordenador do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário FEI, que aponta também que a nova rede promete fazer muito mais do que apenas melhorar a qualidade de navegação, velocidade e das populares chamadas de vídeo. “Ela mudará a forma como o ser humano se conecta com o mundo”, crava.

A rede de internet móvel 4G já está chegando ao seu limite e está com os dias contados para dar lugar a tecnologia 5G, que em meados de 2019 já será testado em países desenvolvidos como Japão, Estados Unidos, Alemanha e Coréia do Sul.

Mas quais os impactos das redes 5G para nosso dia a dia? Giacomini responde algumas das principais perguntas sobre o tema. Confira:

O que é a tecnologia 5G e como ela pode mudar nossas vidas?

É a próxima geração da rede celular, que substituirá a atual, 4G. Em conjunto com outras tecnologias de telecomunicações e processamento de informações, trará mudanças radicais para a sociedade. Será um salto muito mais significativo do que nas transições de gerações anteriores. Com velocidades de até 10Gbps, latência reduzida a menos de 5ms e cerca de 100 bilhões de conexões simultâneas na rede, viabilizará usos para a comunicação móvel que eram impossíveis nas últimas gerações. Espera-se que o custo por bit transmitido caia em até 100 vezes em relação ao preço atual. Será a era do “Everything on Mobile”, em que praticamente tudo poderá ser conectado à Internet pela rede celular.

Espera-se que, em 2025, o tráfego na rede seja 10.000 vezes maior do que em 2015. Dispositivos vestíveis incrementarão a qualidade de vida e a produtividade no trabalho. Sensores incorporados às roupas (ou até implantados nas pessoas) vão monitorar constantemente a pressão arterial, a frequência cardíaca, glicemia e muitas outras variáveis de interesse médico. Será possível orientar a dieta, o uso de medicamentos, a prática de exercícios e praticamente todas as atividades. Será possível observar qualquer lugar do mundo em tempo real, assim como todas as grandes cidades.

O que falta para essa tecnologia ser implantada no Brasil e no mundo?

Ainda há lacunas tecnológicas, mas já existem algumas redes experimentais implantadas e muitas empresas possuem equipamentos que trabalham em milimeter waves, faixa do espectro candidata à implantação.

Naturalmente, tudo dependerá das decisões estratégicas das empresas concessionárias, mas há um certo consenso que as primeiras redes comerciais chegarão entre 2019 e 2020.

Os aparelhos eletrônicos precisarão sofrer algum tipo de modificação para que seus usuários possam usufruir todo o potencial do 5G?

Sim. Muita coisa muda, não só nos terminais (aparelho celular), mas também na infraestrutura. Pode-se prever até 1 milhão de conexões por Km² nas áreas urbanas, o que vai se refletir na troca de equipamentos de cada célula, cada estação rádio-base. A alocação do espectro de frequências também deverá ser revista.

Os engenheiros de telecomunicações têm muito trabalho pela frente, mas tenho confiança nos egressos das boas escolas. É uma geração que adora mudanças e desafios.

Podemos prever algum avanço que será possível fazer com internet 5G e que não conseguimos fazer agora?

Muitas das aplicações com especificações fortes de tempo de latência e velocidade se tornarão possíveis. Será possível, por exemplo, que os carros ‘conversem’ entre si, o que reduzirá em muito o trânsito e os acidentes.

Com a latência de uma rede 4G, um automóvel move-se por dezenas de metros até que a rede possa comunicar alguma situação de perigo. Mas, com latência de 0,001 segundo, da rede 5G, o automóvel a 80Km/h se moverá menos de 3 centímetros até a informação ser transmitida.

Transferindo para as máquinas e sistemas digitais as tarefas que não mereçam nossa inteligência e criatividade. Colocando nossos dados na nuvem e podendo acessar rapidamente qualquer informação, em vez de carregá-las debaixo do braço. Deixando de ‘baixar’ arquivos para armazenamento local e passando a simplesmente usá-los, quando necessário. Usando a realidade aumentada e realidade virtual de altíssima definição on-line, para enxergarmos, através da rede celular, o mundo inteiro, qualquer informação, a qualquer hora.

A história mostra que a tecnologia é sempre derrotada pelas novas aplicações que surgem como decorrência dela própria. Por exemplo, a rede celular das primeiras gerações, criada para ligações telefônicas, tornou-se obsoleta rapidamente assim que foi possível a transmissão de dados. A rede 5G ficará obsoleta com as inovações a serem geradas a partir dela.

Há alguma ideia de como será a tecnologia que substituirá o 5G no futuro?

Ainda é difícil prever, mas é certo que os estudantes de engenharia de hoje serão os responsáveis pela criação do sucessor do 5G.

FONTE: COMPUTER WORLD