5 coisas que não te contam sobre a nuvem

Há muitas coisas que o fornecedor de serviços de data center e as empresas que já migraram não contam

Computação em nuvem é comumente conhecida como ‘cloud computing’, e possui tecnologias avançadas e estáveis no mercado. Há resistência na mudança e muitas empresas relutam e nem mesmo avaliam a possibilidade de migrar, as vezes por falta de conhecimento, seja de benefícios ou desvantagens, outras por pré conceitos negativos relacionados à segurança e por vezes também por falta de preparo para a tomada de decisão.

Na nuvem, existem benefícios, vantagens e desvantagens em comparação ao ambiente tradicional num data center local. É fácil encontrar situações que empolgam e facilitam a vida do time de tecnologia, assim como é fácil encontrar situações que geram impacto para a administração, diretoria ou conselho. Cada caso é um caso e deve ser avaliado separadamente.

Comentei em outro artigo – aqui – que aquilo que é bom ou ideal para uma organização pode não ser para outra. Uma análise detalhada do ambiente tecnológico interno da empresa precisa ser feita para subsidiar a tomada de decisão.  Há muitas coisas que o fornecedor de serviços de data center em ‘cloud’ não conta, assim como as empresas que já migraram também não contam pois muitas vezes há vantagens ou desvantagens competitivas para o mercado.

Abaixo, apenas cinco delas, de forma simples e resumida.

1 – Contrato de médio e longo prazo

Não se iluda com investimentos a curto prazo. A mudança do ambiente interno para o externo na modalidade ‘cloud’ em um data center ‘Tier 4’, por exemplo, requer investimentos. Um ambiente com servidores de aplicações, ‘fileservers’, banco de dados, backup e segurança tem um valor mensal considerável. Contratos de três ou cinco anos com parcelas mensais são normais.

Quanto mais terabytes de espaço, mais gigabytes de memória, mais vCPU e mais nós de processamento se pretende ter, mais caro fica a solução. A volumetria a ser contratada é diretamente ligada ao aumento dos valores mensais que a empresa irá pagar. Desta forma, em grandes projetos, diluir as parcelas em suaves prestações é comum de ocorrer, por isso o contrato se estende por alguns anos.

O cancelamento do contrato é caro, resguarda o fornecedor de serviços pois este coloca à disposição uma equipe e uma infraestrutura grande, então “partiu pra nuvem” pode não ter uma volta tão fácil assim.

2 – Carta de aceitação de riscos

Uma vez na nuvem, nem todas as atividades que a equipe de tecnologia interna realizava antes, poderá realizar agora. Todas as atividades que envolvem modificação ou acesso ao ambiente, devem ser tratadas como um potencial risco ao ambiente, tem impacto na segurança, e por isso é comum o fornecedor de serviços de data center emitir uma carta de aceitação de riscos, que contempla possíveis intermitências ou interrupções nos serviços ou no ambiente produtivo, e esta deve ser aceita ou não pela contratante.

Por sua vez, a contratante deve aceitar ou mitigar os riscos. Quando envolve aplicações, a mitigação do risco se estende aos desenvolvedores ou fabricantes, para que analisem as particularidades, adequações, restrições de implementações. Assim a equipe da TI da organização consegue avaliar cautelosamente e comunicar a prestadora de serviços do data center as ações a serem adotadas e as “janelas” necessárias.

Além da aceitação e mitigação do risco, normalmente também é possível eliminá-lo de alguma forma ou até mesmo transferi-lo para outro. Neste documento também é elencado a probabilidade de ocorrência do(s) risco(s) antes das ações de mitigação e a probabilidade de impacto após as ações de mitigação.

3 – Migração do ambiente em AS-IS

É possível migrar as máquinas virtuais, do ambiente local para o ambiente em ‘cloud’, no mesmo formato que atualmente a empresa mantém localmente, ajustando poucas coisas.

AS-IS em sua definição tradicional, resumidamente é o trabalho de levantamento e documentação da situação atual de um processo, a qual é representada em fluxos ou diagramas. Nesta mesma oportunidade levantam-se também os problemas ou fragilidades, bem como as oportunidades de melhoria dos processos. O mapeamento AS-IS é uma etapa fundamental na implementação de BPM, mas seu conceito pode ser empregado na mudança de uma estrutura de data center local para nuvem.

De forma simples, em comum acordo com o prestador de serviços de data center, é possível “congelar” a máquina virtual de um lado, envia-la pela internet para o ambiente em ‘cloud’ para que a equipe técnica possa então “subir” a máquina virtual no novo ambiente. Mentem-se assim os padrões originais de configurações e segurança. Então, em uma segunda etapa, pode-se ajustar as configurações em conformidade com o novo padrão exigido pelo prestador de serviços do data center.

Tudo é possível desde que acordado previamente entre as partes. Em uma analogia simples, quanto maior a velocidade de transformação da organização menos relevante é o seu AS-IS. Fazer o levantamento do que se está implementando agora é significativamente mais simples do que realizar o levantamento de tudo que foi feito lá atrás. Com isso, ganha-se tempo na migração e poucos ajustes serão necessários.

4 – Níveis de acordo de serviços e responsabilidades

Dificilmente será estabelecido níveis de acordo de serviço, conhecido como SLA ou tempo de execução de atividades, antes da migração do ambiente local para o ambiente em ‘cloud’externo. Quando um provedor de serviços de data center oferta um SLA baixo sem mesmo analisar detalhadamente o ambiente que será alocado, sem entender os serviços executados e a criticidade deles, este age de forma imatura.

A adequação dos níveis de SLA é algo que irá sofrer alteração após a migração. Com o tempo este acordo precisa ser revisado e ajustado para atender a necessidade da organização. A equipe de TI interna da empresa precisa acompanhar isso e estar atenta as mudanças necessárias.

Aqui, responsabilidade se refere a gestão que é sinônimo de cooperação entre pessoas, equipes e empresas. Em um ambiente em ‘cloud’, a organização que contratou os serviços tem gestão sobre eles em vários quesitos com responsabilidades definidas e de grande importância.

Significa que, se as responsabilidades não estiverem bem definidas, uma simples atividade como por exemplo executar atualizações no sistema operacional de um servidor, pode se tronar uma grande dor de cabeça. Em alguns casos, uma simples atualização é suficiente para parar um serviço em funcionamento e este fica lá aguardando por alguém o restabelecer, enquanto isso, usuários ficam com suas atividades limitadas e a produtividade cai.

Não há milagres, o fornecedor de serviços de data center não atuará sozinho. A cooperação com as equipes da organização é fundamental, pois é a empresa contratante que detém o conhecimento e detalhes sobre suas operações e seus negócios.

5 – Segurança e conectividade

Um dos fatores que dificulta a implementação de um ambiente em nuvem, são as dúvidas em torno da segurança. Muitos questionam a perda de arquivos ou invasões e vazamentos de dados, outros até preferem salvar os arquivos em HDs externos. Isso é ilusão.

Em nuvem, os ataques de cibercriminosos aumentam consideravelmente, então os provedores de serviço de data center são altamente preparados para prevenir problemas relacionados as informações. É regra ter proteção de segurança em várias camadas, assim como backup e garantia de disponibilidade. Um fornecedor de serviços de data center bem estruturado possui equipe de segurança da informação 24/7, altamente capacitada e treinada, especialistas em vários níveis e ferramentas de proteção de ponta a ponta.

O link de internet deve ser a menor das preocupações. Se a organização pretende estar em nuvem, logicamente deve providenciar um bom link de internet, analisar a estabilidade, latência e taxas de transmissão. E é claro, ter links redundantes com operadoras distintas e abordagens distintas.

Desta forma, o acesso será uma grande vantagem de estar em uma nuvem. Tendo uma boa conexão, será possível acessar a estrutura sempre que necessário, não importa onde esteja.

Vale a pena?

Economia de recursos financeiros pode ser algo contrário a primeira vista. Entretanto, olhando por outro lado as empresas que optam por estar em nuvem, em um ambiente ‘cloud computing’, economizam em infraestrutura, em compra de servidores, em energia elétrica, assim como podem economizar também em licenciamentos adquirindo software como serviço. Economiza-se também com manutenção, pois a mão-de-obra fica a cargo do pessoal do data center.

Por outro lado, dependendo do modelo de negócios, é cobrado sobre o tráfego de rede entre a estrutura local e o data center. Isso pode impactar financeiramente quando a empresa não tem mapeado a real utilização do tráfego de rede de seus usuários quando estes conectam no ambiente em nuvem. Um servidor de e-mail alocado em um data center pode gerar cobranças toda vez que um e-mail é enviado para fora, em resumo, pode ser cobrado taxas em cima de downloads.

Se a pergunta final for: então, vale a pena mudar? A resposta com certeza será: as vezes sim, as vezes não. É importante ficar claro que há casos em que a mudança não traz benefícios, vale mais a pena investir internamente do que migrar para ‘cloud’, porém, avaliar é preciso! A mudança tem impacto financeiro, tecnológico e também cultural. A escalabilidade é um fator importante, influencia diretamente no crescimento da organização. A flexibilidade em nuvem é imensa.

FONTE: IT FORUM 360