10 previsões de “Black Mirror” que podem se tornar realidade – ou já são

CENA DA SÉRIE BLACK MIRROR (FOTO: DIVULGAÇÃO/NETFLIX)

As empresas do setor de tecnologia costumam pintar o futuro da humanidade de forma otimista: mais inovação traz benefícios à sociedade. “Black Mirror”, série produzida atualmente pela Netflix, prefere mostrar o contraponto. O programa ficou famoso por explorar o lado sombrio dos avanços tecnológicos. E a pior parte é que muitas dessas previsões não estão tão longe assim da realidade.

O Business Insider conversou com Dylan Hendricks, diretor do programa “Ten-Year Forecast” no centro de pesquisa Institute for the Future, nos Estados Unidos, para saber quais dos palpites da série estão mais perto de se materializarem — ou já são verdade.

1. Lentes “mágicas”. No episódio “The Entire History of You”, a série tenta prever o que aconteceria se as pessoas pudessem gravar todos os momentos das suas vidas e rever as próprias memórias. Embora ainda não seja possível fazer o mesmo, parece que estamos avançando em direção a esse futuro, com dispositivos como o Spectacles, do Snapchat. Trata-se de um óculos de sol equipado com uma câmera que pode gravar até 10 segundos de vídeo. O episódio também mostra, diz Hendricks, como novas tecnologias podem ser mais baratas, melhores e mais difundidas.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

2. Chatbots mais inteligentes. Em um dos episódios mais marcantes da série, “Be Right Back”, uma mulher descobre um serviço que pode usar machine learning para imitar o marido que acaba de morrer. A máquina aprende com base em textos, fotos e vídeos publicamos nas redes socias. No começo, a esposa apenas conversa com “a nova versão” do marido online e, depois, por telefone. Por fim, um robô em tamanho real é enviada para sua casa.

As duas primeiras formas de comunicação já existem no mundo real, lembra Hendricks. Chatbots baseados em inteligência artificial e serviços de detecção de personalidade como o Crystal, que coleta informações online para que os usuários possam adaptar e-mails e mensagens, revelam que estamos mais próximos de tornar a inteligência artificial tão inteligente quanto os humanos.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

3. Política como espetáculo. Em “The Waldo Moment”, um urso de desenho animado chamado Waldo concorre à presidência. Para Hendricks, o episódio mostra como a discussão em torno da política muitas vezes favorece o entretenimento em vez de fatos substanciais. Além disso, o episódio explora a técnica (já comum) de levar comportamentos humanos para um avatar. O Facebook, por exemplo, apresentou planos para criar avatares de pessoas que usam a realidade virtual do Oculus Rift.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

4. Recompensas. O segundo episódio da série mostra um futuro distante em que as pessoas devem pedalar para gerar energia elétrica e ganhar moedas que podem ser trocadas por comida e entretenimento. Para Hendricks, o episódio repensa a natureza da sociedade com base na tendência dos jogos de celular que usam o modelo “freemium” (em que é possível jogar de graça, mas há um custo para serviços e recursos adicionais). Segundo ele, a série leva um fenômeno do mundo real ao extremo: mostra “um [mundo] que pegou os nossos telefones e os transformou no ambiente ao redor”.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

5. Trocar likes. O primeiro episódio da terceira temporada gira em torno de uma sociedade na qual todos têm uma nota com base nas avaliações que recebem, como já acontece em serviços como o Uber. Cada pessoa tem uma lente de contato permanente que permite ver uma classificação ao lado da cabeça dos outros em tempo real. Segundo Hendricks, o HoloLens da Microsoft é o análogo mais próximo dessa tecnologia hoje, mas ainda é um óculos. Hendricks também mencionou o sistema de notas de crédito que está começando na China, em que os cidadãos ganham pontuações específicas com base na frequência com que pagam empréstimos.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

6. Cibersegurança em foco. No terceiro episódio da terceira temporada, hackers que espionaram a webcam de um adolescente o obrigam a cumprir uma série de tarefas de alto risco. “Eu diria que o episódio ´Shut Up and Dance` é mais um anúncio aterrorizante do que qualquer outra coisa”, afirma Hendricks. Hackers já tomam controle de webcams e, depois, vazam o conteúdo. “Black Mirror” só explora o que poderia acontecer se os hackers decidissem “se divertir” com suas vítimas.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

7. Drones menores. O episódio final da terceira temporada explora as consequências de um enorme ataque hacker a insetos autônomos, que polinizam flores em um mundo no qual abelhas foram extintas. As abelhas-robô começam a matar pessoas selecionadas por meio da hashtag “#DeathTo” no Twitter. Hendricks diz que o episódio é surpreendentemente realista. A robótica já está diminuindo cada vez mais o tamanho de drones. A empresa norueguesa Prox Dynamics, por exemplo, já está trabalhando com máquinas do tamanho de pequenos pássaros.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

8. Monitoramento à distância. Em “Arkangel”, da quarta temporada, uma mãe superprotetora implanta um chip na cabeça da filha que permite monitorar tudo que a pequena vê e ouve. Hendricks acredita que este episódio está entre os mais plausíveis na temporada. Os rastreadores físicos que capturam dados e empresas como Catapult, uma companhia de análise de desempenho, podem coletar informações sobre os movimentos e a saúde de atletas. Além disso, em 2011, pesquisadores de Berkeley, na Califórnia, criaram um esboço da visão de voluntários medindo a atividade cerebral deles em uma ressonância magnética.

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

9. Aplicativos de namoro sofisticados. Irritados com uma espécie de “Tinder futurístico”, que praticamente força as pessoas a ficarem juntas por um período determinado de tempo, um casal decide escapar das garras desse sistema de namoro. Depois, descobre que vive em uma simulação. Na vida real, a versão de carne e osso do casal vê no smartphone que 99,8% das simulações com eles foi bem-sucedida — ou seja: um relacionamento entre eles tem mais chances de dar certo.

Hendricks acredita que os aplicativos de namoro devem se tornar sofisticados o suficiente para juntar casais com mais sucesso. “Nós já temos muitas combinações de algoritmos em diferentes sites de namoro. À medida que acumulamos mais dados sobre nós mesmos, sobre como as pessoas estão reagindo em diferentes situações, não ficarei surpreso se acharmos nos próximos dois anos um sistema que possa combinar pessoas com esses tipos de porcentagens de sucesso.”

Cena da série Black Mirror (Foto: Divulgação/Netflix)

10. Robôs assassinos. No penúltimo episódio da quarta temporada, uma mulher foge de um cão robótico que a persegue num mundo pós-apocalíptico. Hendricks defende que este episódio é, de longe, o mais plausível episódio da última temporada, já que a única tecnologia ali é a inteligência artificial dos cachorros-robô. A Boston Dynamics já desenvolveu máquinas parecidíssimas — que, inclusive, inspiraram o episódio. No caso da empresa, no entanto, eles não tinham fins maléficos.